martedì 23 settembre 2014

3 temas em busca de desenvolvimento (base para a prova discursiva-argumentativa)



1) “A ciência não progride quando os modelos são confirmados pela investigação, mas quando certas anomalias forçam os cientistas a questioná-los” (R. ALVES, FILOSOFIA DA CIÊNCIA, FREI JOÃO RANIERY ELIAS DA SILVA, D2).
2) “E isto que torna tão difícil fazer uma ciência rigorosa do mundo humano. O problema não está nem nas teorias, nem nos métodos. O problema está na própria natureza do objeto(R. ALVES, FILOSOFIA DA CIÊNCIA, José Clebson Marçal Pereira).
3) Usualmente chamamos de hipóteses às perguntas que os cientistas propõem à natureza. A experimentação é a tortura a que submetemos a natureza para obrigá-la a manifestar-se sobre a pergunta” (R. ALVES, FILOSOFIA DA CIÊNCIA, Gedeão Pontes., D.3).

lunedì 1 settembre 2014

O senso comum e a ciência (II), por Joranne Fagner


Capítulo 2 – O senso comum e a ciência (II):

Pág.
Citação
17 – E1
Qualquer um terá a ideia de abrir a tampa do motor, ver se há algum fio solto, dar algumas batidinhas nas peças [...] Esta pessoa age da forma como age, porque dispõe de um modelo do motor [...] Assim, quando ela busca fios soltos e dá suas batidinhas no motor, ela está agindo de forma inteligente, a partir do modelo de que dispõe.
17 – E2
[...] É o defeito que faz a gente pensar. [...] O que não é problemático não é pensado.
18 – E3
[...] Quem não é capaz de perceber e formular problemas com clareza não pode fazer ciência. [...] Frequentemente, fracassamos no ensino da ciência porque apresentamos soluções perfeitas para problemas que nunca chegaram a ser formulados e compreendidos pelo aluno.
18 – E4/E5
Qual é o problema? [...] Ora, o [...] problema é fazer com que ele (o carro) funcione conforme foi idealmente planejado. Isto significa que você só pode resolver o seu problema se for capaz de reconstruir, idealmente, o plano da máquina. A partir deste modelo você poderá inspecionar, mentalmente, os possíveis defeitos no funcionamento do auto. [...] O modelo do motor lhe permite fazer três hipóteses [...] Agora você vai fazer aquilo que os cientistas chamam de pesquisa: testar as suas hipóteses, isto é, verificar, na prática, quais das suas construções mentais do defeito é a verdadeira. (Grifos meus)
20 – E6
Qualquer prática curativa, da “comadre”, curandeiro, ao médico “classe A”, implica o uso de modelos como pré-requisito para o diagnóstico.
20 – F1
[...] Se não tiver um modelo destes circuitos [...] não se poderá
fazer nenhuma hipótese. (se – acréscimo meu)
20 – F2/F3/
F4
A comparação entre números sobre determinados gastos em épocas diferentes nos permite levantar “suspeitas” acerca de algo que queremos esclarecer.
20/21 – G1
A ordem sempre fascinou os homens. [...] A ordem permite que se façam previsões. [...] A agricultura, a pesca, a navegação, as várias formas de artesanato, desenvolveram-se na medida em que os homens descobriram que existe ordem na natureza.
21 – G2
Este espanto perante a ordem é a primeira inspiração da ciência. Quando um cientista enuncia uma lei
ou uma teoria, ele está contando como se processa a ordem, está oferecendo um modelo da ordem. Agora ele poderá prever como a natureza vai se comportar no futuro. É isto que significa testar uma teoria: ver se, no futuro, ela se comporta da forma como o modelo previu.
21 – H1
Você conseguiu descobrir alguma ordem em meio aos absurdos
aparentes? Veja: nada está solto. [...] “o número dos planetas é necessariamente sete”. Não seja injusto para com o autor. Numa época em que os instrumentos para o teste de hipóteses eram raros, é compreensível que lhe sobrasse a imaginação. Nossos textos de ciência, no futuro. Serão provavelmente citados como superstições primitivas.
22 – I1
A magia dos Azande [...] se constrói sobre uma visão da natureza como uma ordem [...]. O indesejável, o não previsto, o maléfico só podem ser produtos de um fator estranho a esta mesma ordem, a feitiçaria. Você não concordaria que, dada a premissa dos Azande sobre a ordem da natureza, as suas conclusões sobre a feitiçaria se seguem de forma necessária?
22 – J1
E o quebra-cabeça? [...] Procedemos de forma ordenada porque pressupomos que haja ordem. Sem ordem não há problema a ser resolvido. Porque o problema é exatamente construir uma ordem ainda invisível de uma desordem visível e imediata.
22 – K1
Só nos entregamos a problemas que julgamos poder resolver com os recursos de que dispomos.
23 – k2
[...] A observação sugere, mas não dá a resposta. É necessário imaginação.
25/26 – N1
[...]. O pensamento é, no seu momento inicial, uma tomada de consciência de que a ação foi interrompida: este é o problema. Tudo o que se segue tem por objetivo a resolução do problema, para que a ação continue como dantes. [...]
A primeira tarefa que se impõe, portanto, é ver o problema com clareza.
Em ciência, como no senso comum, existe uma estreita relação entre ver com clareza e dizer com clareza. Quem não diz com clareza, não está vendo com clareza. Dizer com clareza é a marca do entendimento, da compreensão.
Enunciar com clareza o problema é indicar, antes de mais nada, de que partes ele se compõe. É a este procedimento que se dá o nome de análise.
26/27 – O1
[...]. A solução para o problema é o caminho que o levará de onde você está até onde você deseja ir. [...]. A inteligência segue o caminho inverso da ação. E é somente isto que a torna inteligência. [...] em problemas inumeráveis temos de levantar a questão: o que é o desconhecido?

 

Resumo

Capítulo 2 – O senso comum e a ciência (II)

Sobre “Filosofia da Ciência – Introdução ao jogo e suas regras” (1987) – livro de Rubem Alves (1933-2014), temos como tema introdutório a imprescindível desmistificação do cientista, quando este se põe num plano superior as demais pessoas (senso comum), pelo fato de buscar razões nos processos científicos. Uma busca contrária ao método destas, as quais, em sua maioria, insistem em encontrar verdades num senso extraído duma primeira vista ou numa única interpretação dos fatos, legada por determinada tradição.

O autor indica que a figura do cientista ou de alguém especializado em alguma área do saber, não deve se arvorar de um conhecimento absoluto ou de uma pretensa centralização do pensamento. Rubem Alves crê em expressões e respostas a partir das necessidades encontradas na vida, seja pelos cientistas, seja pelos que não se dedicam a pesquisa. Esta crença não estabelece hierarquia entre as pessoas, mas, equipara-as, como reagentes de um mundo que constantemente os interpela.

No segundo capítulo deste livro o autor cita desafios cotidianos, como problemas automobilísticos, jogos de sorte, etc. para detalhar a gênese da ciência e demonstrar a presença dela na vida das pessoas. Rubem Alves assinala que a pesquisa começa quando um problema aparece; em outras palavras, o ser humano passa a usar o pensamento quando tem a necessidade de encontrar soluções. Neste sentido, Alves entende que a percepção e formulação claras de uma problemática são pressupostos indispensáveis para fazer ciência.

A partir do problema percebido e formulado, é sequente a criação de hipóteses, estas só aparecem graças ao conhecimento ideal do que se está explorando. Em consequência disto temos a pesquisa, que é o teste destas hipóteses. O conhecimento ideal é o modelo da solução do problema formulado. Tendo o modo idealizado e a problemática que desafia este modo, é possível o levantamento das suspeitas acerca do que se quer resolver.

A existência de modelos concretos e quando não, ideais, sugere uma ordem. Rubem Alves é categórico quando afirma que esta sempre fascinou os homens, pois ela permite as previsões. A partir do encontro com o ordenamento da natureza, indica o autor, o homem se sentiu inspirado a conhecê-la, portanto, a desenvolver ciência. Tal inspiração o fez narrar o processamento da ordem natural, oferecendo um modelo; assim, a humanidade passou a ver o mundo com certa previsibilidade, isto graças aos passos dados em direção à pesquisa.

Neste contexto, Alves aponta um elemento, a imaginação. Ele a põe como sequente a observação, uma vez que esta, sozinha, não dá respostas. O pensamento e a imaginação identificam o problema e constroem a solução. Assim, é mister assinalar perante o já supracitado, a necessidade de uma visão e expressão claras acerca do que se pretende entender. Neste sentido, Rubem Alves afirma que “Quem não diz com clareza, não está vendo com clareza. Dizer com clareza é a marca do entendimento, da compreensão” (ALVES, 1987, p. 26).

Considerando o problema, a necessidade de resolvê-lo e a clareza necessária para tanto, o autor finaliza o capítulo sugerindo uma constante questão, quando diante de incógnitas: o que é o desconhecido? Esta pergunta constitui o início de uma solução, pois é a partir de tal questionamento que as dimensões humanas se propõem a sair do fascínio inicial pelo que é dado naturalmente, em direção ao fascínio produzido pela pesquisa e descoberta.


Bibliografia

ALVES, Rubem. Filosofia da Ciência, introdução ao jogo e suas regras. 10º ed. São Paulo: Brasiliense, 1987.