domenica 25 maggio 2014

Pioneiros da Reforma Protestante (I): Martin Luther (Lutero)



INTRODUÇÃO
Realizar uma pesquisa sobre um personagem dos quais já se escreveu inúmeros livros e também já interpretaram a sua vida de várias maneiras, é uma tarefa não muito fácil, pois o que pode advir será uma mera repetição, isto, consentindo que de Martinho Lutero comentaram ou interpretaram seu pensamento de diversos âmbitos.
A personalidade de Martinho Lutero, desde qualquer ângulo que se possa considerá-la, é bastante complexa e resulta ser uma abordagem quase que inacabável, pois, ele é contemplado desde o ponto de vista teológico e filosófico por muitos autores de vários ramos de estudos científicos. Por muitos séculos, Lutero foi considerado por muitos cristãos católicos sob um prisma negativo. Há quem afirma Lutero como o homem que não somente deu à Alemanha uma das primeiras obras literárias em língua vulgar, como também, contribuiu para uma formação de uma consciência nacional alemã.
O princípio da teologia da reforma está na afirmação de que o pecador alcança a justificação só por meio da promessa da justiça de Cristo, aceita unicamente na fé. É realizada só por meio de Cristo; é só graça; é prometida pela palavra do evangelho e aceita unicamente na fé. Aqui conseguimos assinalar o fundamento da doutrina luterana: solus Christus, sola gratia, sola Scriptura e sola fides.
No entanto, queremos a partir do conhecimento de sua biografia, obras e acima de tudo do seu pensamento chegar a entender os “por quês” de toda a revolução que este religioso conseguiu realizar em sua época. Para chegar à aquisição deste conhecimento iremos utilizar-nos de algumas ferramentas preciosas para nossa análise: compreender o contexto histórico em que o autor está inserido, partindo dos conhecimentos sobre a sua infância, do seu ingresso no mosteiro dos agostinianos, das suas influências místicas, como também do seu pensamento sobre a Igreja que se convencionou chamar das “95 teses” e da revolução religiosa e política causada inicialmente na Alemanha e posteriormente em toda a Europa naquele tempo.
Diante desses pressupostos poderemos chegar a uma conclusão sobe toda a pesquisa realizada e expormos o nosso parecer diante de tal figura que com seu pensamento conseguiu mudar a sociedade de seu tempo.

VIDA
Martinho Lutero, tido como precursor da Reforma Protestante, nasceu em Eisleben, Alemanha, a 10 de novembro de 1483, filho de camponeses católicos. Como era comum na época, foi alvo de uma disciplina rígida. O menino Lutero aprendeu, entre outras coisas a orar aos santos, realizar boas obras e respeitar o papa e a Igreja com reverência.
Logo cedo aos 5 anos, Lutero começou a estudar latim em uma escola local. Aos 12 anos foi aluno da escola de uma irmandade religiosa em Magdeburgo. Em 1505 recebeu grau de mestre em Artes da Universidade de Erfurt e logo depois começou a estudar Direito. Pouco tempo após iniciar a estes resolveu tornar-se monge e ingressa no Mosteiro agostiniano de daquela cidade. A sua ordenação foi em 1507. Em seguida deixou este mosteiro para ensinar filosofia moral na Universidade de Wittenberg, na qual continua seus estudos e obtêm o título de doutor em teologia. De 1513 a 1518 foi professor de teologia bíblica na mesma universidade, e começa a ficar conhecido.
Já com certa idade, começa a ser afligido por uma angústia que pode ser sintetizada em uma pergunta: se o coração da pessoa é governado pelo pecado, como pode esperar salvação diante de Deus? Por causa do que havia aprendido, procurou resposta por meio de boas obras, como jejuns e autoflagelação. Porém, continua a se sentir incapaz de sentir paz diante de Deus, ficando desesperado.
Protesta contra a teoria da Igreja Romana do mérito extra, no qual as pessoas poderiam transferir suas indulgências a outros, principalmente por meio de pagamento. Foi então, que em 31 de outubro de 1517, fixa na porta da Igreja de Wittenberg uma série de críticas, que se tornaram conhecidas como 95 Teses, sua principal ou mais conhecida obra e que discorreremos sobre mais adiante.
Por causa de suas críticas é convocado por Roma para responder as acusações de heresia. Sabendo disso, o Príncipe da Saxônia, Frederico, o Sábio, interveio e insistiu que a audiência de Lutero fosse realizada em solo alemão. Como resultado, uma Dieta Imperial foi realizada na cidade de Augsburgo, em 1518. Lutero se recusou a mudar de opinião. Temendo ser preso, fugiu. As idéias de Lutero logo encontraram adeptos em todas as regiões da Alemanha, e mesmo fora dela. A resposta do Papa à situação foi uma bula papal ameaçando Lutero de excomunhão, caso não se retratasse. Em protesto, ele queimou publicamente a Bula e foi excomungado em janeiro de 1521. Em junho de 1525, Lutero casou-se com Catarina de Bora, uma ex-freira. Os dois tiveram seis filhos e abrigaram onze órfãos. Lutero faleceu de derrame cerebral em 1546, aos 63 anos de idade, em sua cidade Natal, Eisleben. Seu corpo foi sepultado na Igreja do Castelo de Wittenberg, onde, cerca de 30 anos antes, havia afixado suas 95 Teses.

OBRA
Nos escritos de Lutero toda a vida e a história da Igreja são questionados. A resposta as suas obras e as suas ideias vêm através da bula de Leão X intitulada Exsurge Domine, de 15 de junho de 1520, a qual teve a colaboração de Caetano e de Eck. Inicialmente Lutero fingiu não se importar com a bula, mas depois reagiu ferrenhamente e se arrogou no direito e com o poder de excomungar o papa e os seus colaboradores, quando publicou um libelo com o nome de Adversus execrabilem bullam Antichristi.
Suas teses eram um protesto contra o abuso da autoridade do Papa, especialmente no sentido de desafiá-lo a esvaziar de graça o purgatório, já que o controla. Lutero também negou o ensino do “mérito extra” que estava por trás das indulgências. Segundo ele, o verdadeiro tesouro da Igreja é o Evangelho. Por essas ideias pública sua principal obra, as "95 teses". As teses iniciam com uma premissa:
“Para fazer com que brilhe a verdade, tudo o que está abaixo será discutido em Wittenberg, sob a presidência do R.P. Martinho Lutero, [...]. Por isso, ele pede que todos os que não puderem estar presentes para discutir conosco, façam-no por escrito.
O conjunto das “95 teses” pode ser separado de acordo com a temática a respeito da prática e da teologia da penitência. No geral são: uma exortação a penitência (1-4; 92-95); o cristão não deve cair numa falsa segurança, confiando em indulgências, dinheiro, ritos exteriores (30-32;49), mas alcançar a cruz; chama atenção para o essencial – o evangelho (92), a cruz de Cristo (68; 92-95), a caridade pra com os pobres (41-45;59), a interioridade (4; 48; 94). Algumas fazem uma crítica dura aos abusos presentes na Igreja e aos cristãos da época.
Lutero publicou cerca de 400 obras durante a sua vida, incluindo comentários bíblicos, catecismos, sermões e tratados. Também escreveu hinos para a Igreja. Parte de suas obras estão publicadas em diversas línguas modernas.

TESES
Nos primeiros anos de sua experiência no mosteiro dos agostinianos, Lutero lê e medita com frequência os escritos de alguns autores místicos, buscando encontrar respostas subjetivas (necessidade de salvação e de justificação perante Deus) que nem a oração nem as duras penitências conseguem transmitir-lhe.
A junção do ockhamismo, da mística e da sua particular psicologia, além de  dificultar-lhe a distinção entre concupiscência, pecado e consentimento, conduzem Lutero para a ideia da absoluta anulação do homem diante de Deus e para a necessidade do abandono passivo à sua vontade. Também contribuíram para forjar seu pensamento algumas leituras de místicos como: Johannes Tauler; o anônimo livro Theologia Teutsch, talvez escrito por João de Frankfurt e João Gerson. Também era apaixonado pelos tratados antipelagianos de Santo Agostinho e das cartas de São Paulo.

Mais tarde, Lutero atribuiu a sua tomada de decisão a uma iluminação que teria tido, talvez em 1517, quando no seu quarto, que ficava numa das torres do convento (por isso o episódio ficou conhecido como experiência da torre), meditava sobre um trecho da carta aos Romanos 1,17: “Porque nele se manifesta a justiça de Deus, pela fé e para a fé, como está escrito: o justo viverá pela fé!”. A partir deste texto, Lutero compreendeu que aqui não se fala da justiça vingativa, mas da justiça salvífica, a graça com a qual Deus nos santifica, pois o termo “justiçanão se refere à intervenção pela qual Deus premia os justos e pune os pecadores, mas fala do ato com o qual o próprio Deus cobre os pecados de todos os que se entregam a Ele mediante a Fé.
As ideias de Lutero sobre as indulgências já haviam sido expostas antes, mas de forma velada e respeitosa, nas salas de aulas, nas pregações, e em suas cartas privadas e ainda em alguns atos públicos. Com efeito, seguindo o costume estabelecido já desde a antiguidade entre os povos cristãos da Europa, o papa Leão X (1513-1521) promulgou em 1515 uma bula com o objetivo particular de angariar fundos para a construção da Basílica de São Pedro em Roma. Do ponto de vista dogmático, esta prática não oferece nenhuma dificuldade.
Para realizar a pregação das indulgências na Alemanha foi designado pela Santa Sé como comissário o arcebispo de Mogúncia, Alberto de Brandenburgo, que elaborou uma instrução para a pregação das indulgências chamada Instructio summaria. Dentre seus delegados para a pregação das indulgências na Alemanha temos o dominicano João Tetzel. Este começou a pregar as redondezas de Wittenberg em abril de 1517 obtendo grande sucesso. Apesar da correta doutrina elaborada na instrução do arcebispo, a pregação foi enfeitada de alguns exageros ao ponto de dizer que “a alma era libertada do purgatório tão logo a moeda caísse na caixa de esmolas”.  Tetzel preocupava-se mais com os negócios do que com o arrependimento e a conversão.
Quando a Instructio summaria chegou as mãos de Lutero e soube dos exageros de Tetzel por meio dos seus penitentes, reagiu duramente escrevendo a Alberto de Brandenburgo, ao seu ordinário Jerônimo Schulz, a outros bispos e conhecidos. Junto da carta a Alberto ele anexou as chamadas “95 teses.
Roma enviou o cardeal Caetano para cuidar do assunto. Lutero e Caetano discutem “paternalmente”, mas não se chega a nenhum resultado. No fundo, não deu certo porque havia uma incompatibilidade de linguagem entre os dois: Caetano tinha uma linguagem teológica baseada na Escolástica, enquanto que Lutero baseava-se na via moderna, a nova linguagem que tinha sido influenciado pelo ockhamismo nominalista. Realmente nunca poderia se chegar a um ponto de concordância. Outra tentativa de resolução da situação foi em Leipzig entre João Eck, vice-chanceler da universidade de Ingolstadt e Lutero. Eck rebate as teses de Lutero com algumas observações chamadas de Obeliscos, as quais Lutero refuta com os Asteriscos. Também entra na briga André Bodenstein de Karkstadt entra na defesa de Lutero, mas a desenvoltura de Eck foi superior aos dois. Os pontos da discussão foram sobre a questão das indulgências, mas os pontos fundamentais eram sobre o livre-arbítrio e primado papal. Após os debates com Caetano e o de Leipzig, Lutero utiliza cada vez mais o Alemão em seus escritos, pois quer atingir a população mais simples, os leigos, e nesse tempo escreve muitas de suas obras colocando nelas os seus princípios: Sola Scriptura, Sola Gratia e Sola fide.
Esses três são os pontos essenciais da doutrina de Lutero:
Sola Scriptura: com esse princípio faz-se uma crítica a Escolástica, exclui a liberdade de interpretação da escritura, pois esta interpreta a si mesma, e, sobretudo exclui a mediação da Igreja com o seu magistério.
Sola Fide: Para se chegar a fé somente Cristo nos justifica. O homem sendo justo, realizando obras justas, não pode alcançar a salvação. Pois não admite que o homem possa alcançar a Deus por meio das obras boas. Pois a salvação e a justificação são gratuitas, um dom divino.
Sola Gratia: Com tal princípio rejeita a mediação humana nas coisas referente a Deus, pois este é um nada diante de Deus. Também não admite a hierarquia da Igreja. Lutero define a Igreja como uma comunidade espiritual de fiéis que unidas sob uma só fé (sola fide), não aceita a missa como sacrifício e reduz o sacerdócio ministerial ao sacerdócio comum dos fiéis.
Diante desse impasse o imperador como autoridade civil é chamado a intervir. Os núncios apostólicos Alexandre e Caracciolo pedem que Lutero seja exilado, mas o imperador tinha feito um juramento a Lutero, em 3 de junho de 1519, que não podia banir por causa da eminente eleição e para não se indispor com Roma fez um acordo: fazer com que Lutero fosse na dieta e retratar-se. A dieta de Worms aconteceu nos dias 16 a 25 de abril de 1521; Lutero comparece por meio de um salvo-conduto dado pelo imperador. No dia 17 de abril Lutero comparece para a primeira audiência reconhecendo os seus escritos e pedindo tempo para retratação, mas na verdade não queria retratar-se, foram-lhe concedidos 3 dias para refletir. Como não quis retratar-se o imperador decidiu agir contra Lutero e no dia 26 de maio assinou o edito de banimento.
Quando isso aconteceu Lutero já estava em segurança no castelo de Coburg em Wartburg, onde ficou durante 9 meses, até março de 1522. Neste período ele desenvolve uma vasta atividade literária, faz a tradução do Novo testamento num alemão popular e escreve obras polêmicas justificando e desenvolvendo as suas próprias reformas.
Imbuídos pelo espírito revolucionário também os camponeses iniciam em 1525 uma guerra com motivações religiosas e ao mesmo tempo sociais contra os nobres da época. Lutero procurou acalmar num primeiro momento, com seu escrito Advertência pela paz, mas não vendo muito resultado toma uma posição mais decidida contra as atitudes dos camponeses e escreve Contra as bordas ladras e assassinas de camponeses, onde pede que se faça justiça e que os camponeses sejam trucidados como animais ou reduzidos ao estado de escravidão.

CONCLUSÃO
A Reforma implantada por Martinho Lutero não deve ser vista apenas de um ponto de vista, e muito menos está somente ligada aos grandes acontecimentos da sua época, mas também a sua história pessoal e, em particular, à sua angústia diante da onipotência divina e a miséria do homem.
Como vimos muitas coisas inquietaram a alma de Lutero e lhe tiravam a paz interior que tanto buscava. Tais inquietações favoreceram para que houvesse todo o processo de reforma por parte de Lutero, mas não podemos reduzir tudo somente aos fatores acima elencados.
No entanto, o conjunto de fatores religioso – político – social e psicológico (pessoal de Lutero) unidos perante o mesmo acontecimento favoreceu para que houvesse todo o movimento reformador explodisse.
Portanto, não podemos ter uma visão minimalista dos fatos, mas a partir do estudo e aprofundamento dos fatos históricos e do contexto em que a Europa estava passando, aí sim podemos chegar a uma conclusão ou a várias.
Concluímos que Lutero não teve toda a culpa por acontecer todo o movimento reformador, mas muitos influentes de sua época aproveitaram o ensejo para colocar em prática tanto as ideais de Lutero como as suas próprias. Por isso, precisamos ter um olhar crítico diante de tudo o que aconteceu e ver também pelo lado positivo em que, talvez se não fosse o movimento reformador, a Igreja iria continuar com o comodismo e com os abusos que vinha sendo praticado nela. Na História nada acontece por acaso ou por mera convenção, mas sempre tem o “agir providente” dAquele que tudo criou e a tudo sustém.

BIBLIOGRAFIA
ZAGHENI, Guido. A Idade Moderna. História da Igreja III. São Paulo: Paulus, 1999.
DANIEL-ROPS. A Igreja da Renascença e da Reforma. São Paulo: Quadrante, 1996.
LACOSTE, Jean Yves. Dicionário Crítico de Teologia. São Paulo: Paulinas e Loyola, 2004.
MARTINA, Giacomo. História da Igreja. De Lutero a nossos dias I. O período da Reforma. São Paulo: Loyola, 1997.
MELO, Leonel Itaussu A. e COSTA, Luis César Amad. História Moderna. 5ed. São Paulo: Scipione,1999.
PEDRO, Antônio. História Moderna e Contemporânea. São Paulo: Moderna, 1985.

Atividade elaborada sob solicitação do Prof. Dr. Pe. Claudio Dionizio Rocha Santos, para a disciplina Teologia Protestante e Oriental, sendo esta parte de uma das avaliações do curso.
Aracaju – SE, maio/2014

AÉCIO CRUZ


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