lunedì 2 giugno 2014

Pioneiros da Reforma Protestante (II): João Calvino



Introdução

            No presente texto iremos tratar do teólogo protestante e reformador João Calvino. No primeiro momento falaremos sobre sua vida, formação e como se deu sua vida acadêmica. Em seguida, discorreremos brevemente sobre algumas de suas obras, veremos, assim que estão divididas segundo a proposta da nossa pesquisa em: As Institutas, Comentários bíblicos, Sermões, Opúsculos e tratados, Escritos eclesiásticos e Cartas. Por fim, trataremos no último tópico sobre alguns aspectos da teologia do teólogo em questão.


1 Vida, formação, estudos

João Calvino (1509-1564) nasce em Noyon, de uma família abastada. Educado com certa severidade, é encaminhado aos estudos, até porque fora destinado à vida clerical, no colégio Montaigu[1], em Paris, estuda artes (formação escolástica, lógica) e se torna Magister artium entre 1523 e 1527. O pai, Geraldo Cauvin, cuidava dos negócios do bispo da cidade; em 1526, entra em conflito com o Capítulo da cidade, é preso, excomungado, e depois de cinco anos, morre sem se reconciliar com a Igreja[2].

Entre 1528 e 1533, mudando completamente o rumo traçado anteriormente, Calvino estuda Direito em Orleães e em Bourges. Nesses anos (1532), comenta o De clementia de Sêneca: uma obra que alcança pouco sucesso e na qual não se percebem sinais de conversão à Reforma.

Depois da morte do pai, retoma os estudos literários, frequentando os círculos humanistas (humanismo bíblico) de Paris, acomodando-se no colégio Fortet, onde se encontra com simpatizantes da reforma protestante (Melquior, Wolmar)[3]. Um momento decisivo para a evolução religiosa em 1533, quando, na abertura do ano letivo, na Sorbonne, o reitor Nicolau Cop aborda no seu discurso o tema Bem-aventurados os pobres em espírito, desenvolvendo ideias moderadamente luteranas sobre a servidão da lei, os méritos de Cristo, o pouco valor das obras humanas. Calvino, amigo de Cop, tinha ajudado na redação do discurso, que continha trechos inteiros de Lutero.

O discurso suscita grande alvoroço. Cinquenta pessoas são presas, Cop e Calvino são obrigados a fugir. Esses acontecimentos levam Calvino a um compromisso público com a Reforma. Sua evolução religiosa culmina com a ‘conversão’, que pode ser colocada entre 1532 e 1533, graças à qual, por um misterioso desígnio – escreve no Prefácio ao Comentário aos Salmos, Deus o leva a abandonar as superstições do papado e a abraçar, de modo repentino e inesperado, a verdadeira piedade.

A partir do final de 1533, começa a se chamar de protestante. Em 1534, sua evolução religiosa parece completa. Deve, porém, deixar Paris, por não se sentir mais seguro, devido à publicação de diversos libelos difamatórios. Refugia-se em Basiléia, passando por Genebra, em 1536, é convencido por Farel – que justamente naquele ano havia ganho a cidade para a Reforma – a ficar por ali, para ajudá-lo a organizar a revolução religiosa e a levar à prática  suas ideias[4].

Indubitavelmente, Calvino deu à Reforma uma abertura universal, Lutero, ao invés, partia de si mesmo e de sua experiência subjetiva. Isso se deveu também ao diferente clima cultural em que se encontram mergulhados os dois reformadores, a experiência de Calvino é a do ambiente imigrantes franceses em Genebra, que, embora tendo uma religiosidade marcada pelas características próprias da época, viviam num ambiente religioso impregnado de humanismo bíblico.



2 Obras[5]

Um dos maiores legados de João Calvino ao movimento reformado e ao mundo foi a sua extraordinária produção literária. As obras do reformador de Genebra impressionam não somente pelo seu volume, mas por sua qualidade e erudição, notadamente nos campos da Teologia e da Interpretação Bíblica. A totalidade dos escritos de Calvino preenche nada menos que 59 grossos volumes da coleção conhecida como Corpus Reformatorum. Os frutos dessa reflexão encontram-se em seis categorias de escritos.

2.1 As Institutas: Calvino produziu ao todo oito edições de sua obra magna em latim e cinco traduções para o francês. A 1ª edição (1536) tinha apenas seis capítulos e a última (1559) totalizou oitenta. Essa edição equivale em tamanho ao Antigo Testamento somado aos evangelhos sinóticos e segue o padrão geral do Credo dos Apóstolos, tendo como objetivo ser um guia para o estudo das Escrituras. É composta de quatro livros: I – O conhecimento de Deus, o Criador; II – O Conhecimento de Deus, o Redentor; III – A maneira como recebemos a graça de Cristo; IV – Os meios externos pelos quais Deus nos convida para a sociedade de Cristo.

2.2 Comentários bíblicos: os comentários de Calvino são um importante complemento das Institutas. Ele escreveu comentários sobre todos os livros do Novo Testamento (exceto 2 e 3 João e Apocalipse), bem como sobre o Pentateuco, Josué, Salmos e Isaías. Além disso, foram preservadas as suas preleções sobre todos os profetas.

2.3 Sermões: em suas pregações, Calvino fazia a exposição sistemática dos livros da Bíblia. Ele costumava pregar sobre o Novo Testamento aos domingos e sobre o Antigo Testamento durante a semana. Seus sermões eram anotados taquigraficamente por um grupo de leais refugiados franceses. A série Corpus Reformatorum contém 872 sermões do reformador.

2.4 Opúsculos e tratados: Calvino escreveu muitas obras de natureza apologética ao polemizar com católicos, anabatistas, libertinos e outros grupos. Alguns exemplos são a Resposta ao Cardeal Sadoleto, reações ao Concílio de Trento e a questão das relíquias. Outros escritos seus tratam de temas como a Ceia do Senhor, a doutrina da trindade, a predestinação e o livre arbítrio.

2.5 Escritos eclesiásticos: o reformador também produziu muitos textos voltados para diferentes aspectos e necessidades da vida da Igreja (escritos catequéticos, confessionais, litúrgicos e outros). Dentre eles se destacam: Instrução e Confissão de Fé, Ordenanças Eclesiásticas, Catecismo da Igreja de Genebra, Saltério de Genebra, Forma das Orações e Cânticos Eclesiásticos e Confissão Galicana.

       2.6 Cartas: finalmente, Calvino produziu uma volumosa correspondência dirigida a outros reformadores, governantes de diferentes países, igrejas perseguidas, crentes encarcerados, pastores e colportores[6].

Um autor observa que o reformador de Genebra escreveu mais num espaço de trinta anos do que uma pessoa pode estudar e digerir adequadamente durante toda uma vida. Seus escritos nos mostram o teólogo, o exegeta, o polemista, o pastor e, acima de tudo, o cristão preocupado em glorificar a Deus e honrar a sua Palavra. Esse esforço contribuiu para a difusão do movimento reformado por quase toda a Europa.



3 Características da teologia de Calvino



            A obra fundamental de Calvino, escrita em 1536, Institutio Christianae Religionis, é uma eficiente síntese da sua visão teológica.

            Lutero parte de si mesmo, do homem, da consciência de não se salvar, Calvino parte de Deus, isto é, do seu plano de salvação (glória). Consequentemente, na concepção calvinista é eliminado o magistério da Igreja, porque humano e, como tal, falível: a Escritura fica sozinha e julga toda a Tradição. O Espírito Santo inspira o autor sagrado (inspiração quase literal) e age para fazer com que o leitor entenda a Escritura. Tal doutrina coloca-se contra os novos profetas e contra os anabatistas: “só pouquíssimos vivem coerentemente com a própria fé, a massa deve ser obrigada com a espada”.

            A concepção que Calvino tem de Deus é veterotestamentária: ele prega a absoluta soberania, liberdade e glória de Deus, criador e providente. De fato, o  objetivo da criação é o conhecimento e a adoração de Deus, por parte do homem. O objetivo da redenção é a reconstrução da imagem de Deus no homem, destruída pelo pecado, a partir do modelo de Cristo, perfeita imagem do Pai. Com essa reconstrução, o homem pode conhecer e adorar perfeitamente a Deus e servir à sua glória.

            O objetivo da criação e da redenção é autoglorificação de Deus. Tudo isso foi previsto e programado por Deus ab aeterno. Essa livre e absoluta soberania de Deus não é condicionada por nada, nem pelos méritos do crente. Deus realiza o seu programa de salvação não só criando a Igreja, mas salvando o homem através de uma eleição livre, mediante a concessão da graça. Deus elege, antes da criação do mundo, o seu próprio povo, tirando-o da ‘massa de pecados’, ou seja, escolhe os indivíduos fieis que quer salvar, apresenta uma specialis vocatio universalis, que não inclui a salvação, e apresenta uma specialis vocatio que inclui a salvação, essa escolha ou praedestinatio não é feita qualitate virtutum de cada indivíduo, nem ex fide praevisa, mas coelesti decreto, com um livre decreto de Deus, o qual estabelece quem é destinado à salvação e quem é destinado à perdição, esse decreto é conhecido apenas por Deus, mas o individuo pode estar seguro da salvação se estiver ‘em comunhão com Cristo’.

            A concepção eclesiológica de Calvino vê a Igreja como universus electorum numerus, anjos, homens mortos e vivos, os quais foram eleitos em Cristo e, portanto, inseridos em Cristo, de modo a formarem todos um só corpo com aquele que é o único chefe da Igreja. Tal Igreja é invisível, mas se torna visível mediante as notae, isto é, a pregação da palavra, os sacramentos, a obediência da fé (disciplina e profissão imposta pela Igreja), que se realizam através dos ministérios.

            Por fim, no que se refere à eucaristia, Calvino não admite a transubstanciação católica, nem como (Zwinglio) o valor simbólico da comunhão. Para Calvino, a eucaristia é sempre uma ação do Espírito Santo. Na Ceia estão presentes os sinais do pão e do vinho: o Espírito Santo une Cristo aos sinais, quando o homem se une aos sinais, une-se a Cristo: não é uma união física, mas uma comunicação da vida celeste do Cristo, da vida nova.



Conclusão

            Conforme a opinião de alguns autores, e que também nós concordamos, será João Calvino que dará consistência à Reforma Protestante, mediante uma exposição sistemática da doutrina e sólidas estruturas de organização eclesiástica. Sendo assim, percebemos que sua doutrina é próxima da de Lutero no que diz respeito as suas instituições fundamentais, porém a doutrina de Calvino é mais sistemática e abrange características particulares. Logo, as Escrituras e a fé ocupam o mesmo lugar. Porém, ele se concentra na soberania de Deus e insiste fortemente na decadência do homem após o pecado original.



Bibliografia básica:

ZAGUENI, Guido. A idade moderna: curso de história da igreja III. Tradução de José Maria de Almeida. São Paulo: Paulus, 1999.

Referências complementares:

Obras de Calvino. Disponível em: http://www.mackenzie.com.br/7007.html. Acessado em 03.05.14 às 10h.

''Colportagem''. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Colportagem. Acessado em 10.05.14 às 10h20.




[1]  Aí também estuda, nos mesmos anos, Inácio de Loyola.           
[2]  Entre os representantes do Capítulo e os familiares ocorrem litígios, inclusive no cemitério, para decidir se se podia ou não sepultá-lo naquele lugar sagrado. Também seu irmão Carlos morreu excomungado, por causo de um duelo.
[3] Converte-se ao protestantismo, sobretudo, pelo desejo de um retorno à Igreja antiga. Ele mesmo conta, várias vezes, os acontecimentos ligados à sua conversão (veja-se, por exemplo, o Prefácio ao Comentário aos Salmos, 23 de setembro de 1557).
[4]  Depois da morte de Zwinglio (batalha de Kappel, de 1531), o modelo de Reforma por este realizado havia tornado o Estado o verdadeiro dono da religião. Calvino procurou restituir à Igreja a sua autonomia e submeter (no campo religioso e moral) os magistrados aos pastores.
[5] Disponível em: http://www.mackenzie.com.br/7007.html. Acessado em 03.05.14 às 10h.
[6] A palavra ''colportagem'' vem do francês ''carregar no pescoço'' ou levar artigos raros de prata e bronze na estufa amarrada envolto do pescoço, eram conhecidos como vendedores ambulantes, que mantinham rolos da Bíblia por de baixo desses artigos valiosos. Esse nome originou-se do costume que mantinham os colportores dessa época que pendiam sobre suas bolsas sendo o nome originalizado, e que por detrás disso levavam as réplicas originais de cânons intactos ou trechos que poderiam ser lidos dos manuscritos preservados, à Bíblia Sagrada. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Colportagem. Acessado em 10.05.14 às 10h20.

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