mercoledì 4 giugno 2014

Grandes teólogos protestantes: Barth



INTRODUÇÃO

Sua obra desenvolve-se em meio ao liberalismo teológico mais exagerado, tendo nascido exatamente como reação radical a ele. Barth denunciou vigorosamente todas as tentativas de amordaçar a Palavra de Deus com a razão. Contra um cientismo ingenuamente triunfal e um racionalismo seguro de si, Barth afirmou que todo verdadeiro conhecimento provém de Deus. Essencialmente enfraquecido em sua unidade originária, o homem não pode mais alcançá-lo com suas forças; ao contrário, tudo aquilo que é humano, razão, filosofia, cultura, religião, encontra-se em substancial oposição a Ele. Somente pelo sacrifício de Jesus Cristo é que essa oposição é superada e a unidade restabelecida.


1)      VIDA

Karl Barth nasceu na Basiléia (1886 – 1968). Sua origem suíça é digna de nota: durante o período nazista, colocou-o em condições de opor-se a Hitler sem graves consequências; o máximo que o nacional-socialismo pôde fazer contra ele foi repatriá-lo. Da terra suíça, parece que Barth herdou também muitas convicções políticas e sociais: o apego à democracia, uma tendência ao conservadorismo, a desconfiança em relação aos blocos políticos, uma propensão para a neutralidade (entre Rússia e Estados Unidos).

Filho de pais protestantes (seu pai era professor de teologia), recebeu educação religiosa inicial na Igreja Reformada. Essa educação deixou marcas indeléveis em sua mente, as quais podem ser notadas em toda a sua produção teológica. Por toda a Dogmática Ecclesiástica ressoam as frases majestosas do Catecismo de Heidelberg. Seus estudos teológicos, iniciados em sua pátria, mais precisamente em Berna, foram prosseguidos na vizinha Alemanha, tendo passado pelas Universidades de Berlim, Marburg e Tübingen. Seus professores foram os mestres mais célebres do último liberalismo teológico: Harnack, Günkel, Schlatter e Hermann.

Concluídos seus estudos, foi convidado a ser assistente da paróquia reformada suíço-alemã de Genebra. Em 1911, foi promovido a pastor de Safenwill, onde transcorreram os dez anos decisivos da maturação do seu pensamento teológico. Em 1921, Karl Barth é nomeado “professor honorário de teologia reformada” na Universidade de Göettingen.

Quando Hitler subiu ao poder (1933), Barth era professor de teologia em Bonn. O acontecimento foi saudado em termos entusiásticos pelos responsáveis da “Igreja Evangélica da Nação Alemã”, criada em 25 de abril de 1933. Barth denunciou imediatamente tanto os erros do nazismo como as aberrações da “Igreja Evangélica da Nação Alemã”. Assim, já se tornava inevitável o confronto com as autoridades alemãs. Na primavera de 1935, Barth foi expulso da Alemanha. Decidiu então se estabelecer na Basiléia, sua cidade natal, onde empenha-se menos na ação, dispõe de maior tempo, escreve em seu ritmo intenso, publica livros e artigos para revistas de temas religiosos variados, prepara conferências e sermões e lança os fundamentos da resistência espiritual ao nazismo em todo o mundo. Morreu na Basiléia em 1968, deixando mulher e quatro filhos.


2)      OBRAS

     Seus escritos podem ser divididos em quatro grupos principais: obras exegéticas, históricas, dogmáticas e políticas.


a)      Obras exegéticas. – Dentre estas, o primeiro lugar cabe ao Der Römerbrief A Epístola / Carta aos Romanos (2” edição, Kaiser, Munique, 1922). Nele combate o racionalismo, o humanismo e o liberalismo, que tinham invadido a teologia protestante no século XIX, e traz novamente à luz a unicidade e o paradoxo da fé bíblica. Contra a teologia liberal, que eliminara a infinita distância que separa o homem de Deus e a razão da Revelação, Barth, inspirando-se em Kierkegaard, reivindica a infinita diferença qualitativa entre religião natural e Revelação, entre filosofia e Bíblia.


b)     Obras históricas. – Temos o célebre Fides Quaerens Intellectum. Anselms Beweis der Existenz Gottes / Fé em busca da compreensão – Proslogion de Santo Anselmo (Kaiser, 1931). Nessa obra, Barth estuda melhor a natureza e a função da teologia. Compreende que sua tarefa não é tanto acentuar a distância entre homem e Deus, mas muito mais penetrar no significado do conhecimento de Deus que é colocado à disposição do homem na revelação.


c)      As obras dogmáticas. – Dentre as várias dezenas de obras de caráter dogmático, destacamos Die Lehre vom Worte Gottes. Prolegomena zur Christlichen Dogmatik (A Doutrina da Palavra de Deus. Prolegômenos a uma Dogmática Cristã, Kaiser, Munique, 1927). Também nessa obra, a exemplo de Der Römerbrief, continua se utilizando da linguagem existencialista kierkegaardiana para exprimir a mensagem cristã.  Portanto, está convencido de que a linguagem dos existencialistas é a mais apta para traduzir o Evangelho a uma linguagem inteligível para nossa geração: “A Palavra de Deus”, afirma ele, “é um conceito só acessível ao pensamento existencial” [1].


d)     As obras políticas. – Neste grupo, a obra fundamental é Rechtfertgung und Recht (Justificação e Direito, Zollikon, Zurique, 1938). Nela, rompendo definitivamente com o dualismo político luterano, Barth demonstra que a obra de Deus, entendida como uma obra de justiça e justificação, implica em que o arbítrio não impere mais nas relações entre os homens, mas seja limitado, corrigido e reprimido em todo caso pelo direito.



3)      TESES


3.1) DEFINIÇÃO DA TEOLOGIA

A primeira preocupação do teólogo é conhecer aquilo que deve fazer: antes de mais nada, deve compreender o que significa “teologar”. Para captar o sentido exato daquilo que ele entende por teologia, é importante atentar para os títulos que ele dá aos seus tratados de dogmática: não os chama simplesmente “teologia dogmática”, como fazem habitualmente os teólogos católicos, mas sim “dogmática cristã”, “dogmática eclesiástica” ou “teologia evangélica”. Com os termos “cristã”, “eclesiástica” e “evangélica”, pretende indicar aspectos essenciais de sua teologia. Vejamos sucintamente o seu pensamento sobre cada um deles.


1.      Dogmática cristã. – Com o termo “cristã”, Barth quer dizer que não se pode pensar teologicamente senão tendo diante dos olhos a figura viva de Cristo. Nessa preocupação de colocar Cristo no centro de toda a reflexão teológica está a nota mais vista no qual Barth se coloca para entender todo o resto da Revelação. Só partindo da revelação expressa pela pessoa de Jesus Cristo é que podemos compreender a relação entre a criação, a criatura e a existência, de um lado, e a Igreja, a redenção e Deus, do outro; e não certamente baseando-nos numa verdade geral ou em dados da história das religiões.


2.      Dogmática evangélica. – Com o termo “evangélica”, Barth quer significar que a intenção da dogmática “é captar, compreender e exprimir em palavras o Deus do Evangelho pelo caminho por ele mesmo indicado; aquele Deus que se anuncia no Evangelho, fala de si aos homens e age entre eles e sobre eles. Donde deriva que onde ele é objeto de uma ciência humana e, como tal, torna-se sua origem e sua norma, aí temos uma teologia evangélica”[2]. Portanto, com o termo “evangélica”, Barth não pretende assinalar um novo objeto da teologia nem uma nova perspectiva teológica, mas sim uma atitude particular, uma disposição interior do teólogo. O objeto e a perspectiva estão sempre no Cristo. E não poderia ser outra maneira, dado que o Deus do Evangelho outro não é senão Jesus Cristo. Mas o Deus do Evangelho, o Cristo, é abordado com uma atitude especial, feita de humildade, modéstia, respeito, temor.


3.      Dogmática eclesiástica. – Outro aspecto essencial da teologia é a “eclesiasticidade”. Segundo Barth, a teologia não é uma tarefa deste ou daquele cristão, mas sim da Igreja.  Por quê? Para compreendê-lo, devemos partir do objetivo da teologia, que é o de intermediar a mensagem evangélica para os homens de uma dada época segundo as categorias mentais e a linguagem própria daquela época. Karl Barth insiste muito sobre a natureza eclesiástica da teologia, sobre tudo no primeiro volume da Dogmática Ecclesiastica, onde afirma que a teologia “é a prova a que a Igreja cristã se submete no que se refere ao conteúdo de sua mensagem em relação a Deus; é o auto-exame científico da Igreja cristã em relação à linguagem teológica”[3]. Daí ser necessário que a Igreja, dada a sua responsabilidade em relação à sua missão de anunciadora, tenha o direito e o dever de debruçar-se continuamente sobre sua atividade, reexaminando-a, criticando-a, retificando-a. Para isso Barth dá três motivos: O primeiro é que nem todas as categorias mentais e nem todas as expressões linguísticas estão aptas a servirem de veículo da palavra de Deus. O segundo é que nossa compreensão da Palavra é sempre limitada. E o terceiro motivo é que as formas conceituais e linguísticas estão sempre variando; com efeito, a revisão deve estar sempre em curso.


3.2) A PALAVRA DE DEUS

Segundo Karl Barth, o objeto da teologia dogmática é a Palavra de Deus. Mas o que entende ele por “Palavra de Deus”? Para Barth, a Palavra de Deus é todo o conjunto da automanifestação divina. A automanifestação de Deus é absolutamente extraordinária e original: “Como a realidade do Criador se distingue de toda outra realidade pelo fato de que ele e somente ele existe para si, isto é, originariamente, assim sua automanifestação se distingue da de qualquer outro ser e espírito criado, pelo fato de que ele e somente ele pode manifestar a sua existência autenticamente, veridicamente, eficazmente, documentando assim o seu ser em sua revelação” [4]. Segundo Barth, a automanifestação divina assume três aspectos ou formas: a revelação, a Bíblia e a pregação.

A revelação é o acontecimento através do qual Deus visitou o seu povo, fez-se um de nós, escondendo sua glória em nossa miséria. Numa palavra, o acontecimento da Palavra-feita-carne, da revelação em Cristo. A Bíblia é o atestado da revelação da Palavra ocorrida. A Bíblia é “o instrumento concreto mediante o qual a Igreja pode recordar a revelação de Deus ocorrida e ser solicitada, autorizada e guiada para a espera da revelação futura e, com essa, para a pregação”[5]. A pregação, por fim, é o anúncio da revelação ocorrida que é feito pela Igreja. Ela, por isso, se subordina essencialmente à Palavra revelada, que forma a sua base, o seu critério, o acontecimento milagroso em que ela encontra o seu constituinte essencial.

Essa realidade complexa e ao mesmo tempo tão simples que é Palavra de Deus, em cada uma de suas formas, é ao mesmo tempo alocução, ato e mistério. É alocução na medida em que Deus fala, isto é, se exprime através de uma linguagem: não há Palavra de Deus sem uma sua manifestação física, seja ela a pregação ou o sacramento, a palavra escrita ou a natureza humana do Verbo. É ato na medida em que a palavra divina é ela mesma ação que se verifica em três momentos qualitativamente diversos mas intimamente conjugados: o momento divino que se protrai no tempo de Jesus Cristo, o momento da profecia e do apostolado e o momento da Igreja e da pregação em trono do testemunho profético-apostólico. Por fim, é mistério na medida em que a teologia nunca pode torna-se dona do seu objeto. Essa é a substância do ensinamento barthiano sobre a natureza e os aspectos da Palavra de Deus.


3.3) A IGREJA

A ação reconciliadora de Cristo, que conclama o homem a uma nova vida como filho de Deus, chama-o, ao mesmo tempo, a fazer parte da Igreja, que é comunidade viva de nosso Senhor Jesus Cristo. Como já se viu, a Igreja tem essencialmente a função de pregar a Palavra e atestar a revelação da Palavra ocorrida. Os meios com os quais a Igreja exerce o seu ministério são a palavra e a ação. À palavra pertencem a adoração, a pregação, a instrução, a evangelização, a missão, a teologia. À ação pertencem a oração, a cura das almas, o diaconato ou serviço em benefício daqueles que necessitam e a ação profética.

Num de seus últimos ensaios, intitulado “A Noção da Igreja”, Barth desenvolve a doutrina da Igreja segundo os quatro pontos centrais da teologia tradicional (unidade, santidade, catolicidade e apostolicidade), a fim de estabelecer os pontos de contato e de conflito que existem nessa questão entre a Igreja Católica e as igrejas evangélicas. Barth encontra nesses quatro pontos específicos da Igreja uma profunda consonância entre a doutrina católica e a evangélica. Em seguida, prova com agudeza que essas divergências têm todas, em definitivo, as raízes na diferente concepção de fé: “Para nós protestantes, a fé é o recebimento e a posse humana da graça de Deus, recebimento e posse que já estão sob o impulso da graça. E esta é precisamente graça, ou seja, benefício indizível de Deus, na medida em que, tanto em relação àquele que recebe como em relação ao ato do recebimento, é e permanece graça de Deus, realidade do Logo e do Espírito de Deus”[6]. Essa concepção de fé, prossegue Barth, reflete-se literalmente na concepção da Igreja. Como na fé o homem nunca pode se tornar colaborador e muito menos substituto de Deus, da mesma forma a Igreja, na obra de reconciliação dos homens, não pode nunca cooperar e muito menos representar Cristo.


CONCLUSÃO

Karl Barth, assim como os originadores do protestantismo acredita na corrupção do homem, aqui encontramos um pessimismo, e ele também acredita na doutrina da justificação pela fé. Para ele só a palavra de Deus salva. No entanto, não podemos negar que Barth mesmo sendo um teólogo protestante, foi admirado por numerosos estudiosos, dentre eles, os mais dignos de nota são os católicos Von Balthasar e Bouillard. Barth conseguiu deixar sua importância para vida da Igreja e para a teologia contemporânea.


REFERÊNCIA: 
MONDIN, Battista. Os grandes teólogos do século vinte. Tradução de José Fernandes: revisão de Luiz Antonio Miranda. Reedição – São Paulo: Editora Teológica, 2003.


[1] B A R T H, (Apud Mondin, 2003)  Die Christliche Dogma, tik, Munique, 1927, p. 111.

““ FidesQuaerens Intellectum" é o subtitulo do celebre Proslogion de santo Anselmo.

[2] K. BARTH, (Apud Mondin 2003) Introduzione alia teologia evangelica, Milao, 1968, p. 9.

[3] K. BARTH, (Apud Mondin 2003)  Die Kirchliche Dogmatik, 1932, p.345.

[4] Idem, p. 399.

[5] Idem


[6] "La notion d'Eglise", (Apud Mondin 2003)  in Catholiques et Protestants, Paris, 1963, pp. 162-163.

Atividade elaborada sob solicitação do Prof. Dr. Pe. Claudio Dionizio Rocha Santos, para a disciplina Teologia Protestante e Oriental, sendo esta parte de uma das avaliações do curso.
Aracaju – SE, maio/2014

Weide Lima Santos

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