O Grande Cisma teve suas bases num passado que se confunde com a própria história
originaria da diversidade entre uma e outra realidades, a saber: o Ocidente e o
Oriente. Padre Orlandis é um destes historiadores concordes em radicar o
problema da questão em época muito remota; ainda, no período da pax constatiniana.
“Pero el siglo IV precisamente es un
época crítica en la historia de la Antiguedad, porque fue entonces quando
cristalizó de manera definitiva la diferenciación entre Oriente y Occidente,
como expresión de dos culturas, de dos Imperios y de dos destinos. Fue aquel
uno de los fenómenos históricos que mayores consequencias ha tenido para la
suerte ulterior de la humanidad y cuya huella, siempre patente a través de los
siglos, llega hasta nuetros días. No es posible escribir ni entender la
historia sin tener bien presente el dualismo Oriente-Occidente, que tantas
veces la ha condicionado. Cabe incluso afirmar que muchas situaciones reales de
la Europa de hoy, y los difíciles problemas que plantean en el terreno cultural
o religioso, en el social o en el politico, siguen siendo de algún modo efectos
remotos, pero actuales, de aquella lejana causa, que continúa todavia operando desde
las profundidades del pasado” (Orlandis, 135-136).
As razões desta dissociação entre Oriente e Ocidente podem ser
resumidas nos seguinte ponto, que se ressaltaram, cada vez mais, a partir do
quarto século: a prodigiosa unidade do Orbe
– conseguida pela Império – não conseguia eliminar as radicais diferenças entre
os espaços culturais da latinidade e do helenismo. Daqui decorre a necessidade
de diferentes soberanos para as duas partes do Império, a saber, Ocidental e
Oriental (salvo nos governos constantiniano e teodosiano)[1].
Outros aspectos que demarcaram a diferença e dissociação dos dois
mundos:
1. as diferenças entre o
cristianismo latino e o oriental: a absorção de muitos conceitos do direito e
da cultura romana,
2.
as diferenças temperamentais
entre latinos e gregos, entre o sentido jurídico e pragmático dos ocidentais e
a inclinação do espírito oriental à disquisição especulativa,
3.
a dualidade linguística[2],
5. as agudas interferências dos
Imperadores na vida da Igreja Católica.
O problema da diversidade linguística foi um dos maiores obstáculos,
principalmente se pensarmos que naqueles séculos deram-se as grandes
controvérsias teológicas pois fomentava o receio de não traduzir adequadamente
as fórmulas doutrinais e, ainda, suscitava não pouca recíproca desconfiança[5].
No final do século quinto registrou-se uma primeira ruptura – que, todavia, não
foi definitiva – que serviu de anuncio para outras mais graves que se
produziriam futuramente: o cisma de Acácio[6],
patriarca de Constantinopla.
[1]
Com a Queda da parte Ocidental do Império – que compreendia o mundo latino –
após as invasões germânicas, o Oriente – de cultura grega – teria um destino
diverso pois si centrava entrono a Constantinopla, a New Rome erigida por Constantino. Este Império bizantino ainda sobreviveria
muito séculos, praticamente, até o umbral da modernidade.
[2] No Ocidente a Igreja usou a língua grega somente nos primeiros
séculos como língua de culto. Desde a IV século a língua passou a ser
totalmente latina. Tanto que no V século a Cúria normalmente desconhecia a
língua helênica e a maioria do Padres Ocidentais a desconhecia, “mientras que los orientales ignoraban cada
vez más el latín y menospreciaban la literatura escrita em esta lengua” (Orlandis, 137).
[3] Orlandis, 153. os
Patriarcados do século IV eram: Roma, Constantinopla, Antioquia, Jerusalém e
Alexandria.
[4] Já em Calcedônia (451) o Oriente entendia o primado do Bispo de
Roma como “una primacía de honor [...]
reconocimiento de la autoridad del obispo de Roma em matéria doctrinal; pero
desconocimiento de uma potestad disciplinaria de los Papas sobre lãs iglesias
de Oriente” (Orlandis, 154).
[5] “Esta misma incomunicación
fue um obstáculo para enriquecer la ciencia teológica com las aportaciones de
los Padres de la Iglesia que escribían em outro idioma, dificultando sobre todo
la recepción em Oriente de la trascendental aportación doctrinal de Agustín de
Hipona” (Orlandis, 137). Já
naqueles séculos podia-se falar de uma Igreja Latina e de outras orientais,
encabeçadas pela Igreja Bizantina; de um cristianismo ocidental e outro
oriental de cultura grega, copta ou siríaca.
[6] Concretamente, Acácio, patriarca de Constantinopla (471-489),
intrometera-se abertamente nos assuntos internos dos patriarcados de Antioquia
e Alexandria, instigando o Imperador Zenão para que publicasse um edito
dogmático – o Henoticon – tendente a uma conciliação com os monofisitas (482).
O Papa Felix II excomungou o Patriarca e o depós. Em resposta, Acácio fez
cancelar o nome do Papa dos dípticos das Igrejas de Constantinopla. Este cisma
durou mais de trinta anos. Somente sob o pontificado de Papa Hormisdas
(514-523) logrou-se a curar esta chaga, com a subscrição por parte de todos o
bispos bizantinos do Libellus Hormisdæ,
onde se definia explicitamente o primado romano. De contrapartida, o Papa
aceitavam o fato de considerar Constantinopla como a segunda sede da Igreja
Católica (Orlandis, 154).
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