lunedì 9 giugno 2014

Culto Ecumênico encerra a Semana da Unidade dos Cristãos

Culto Ecumênico encerra a Semana da Unidade dos Cristãos
 Na noite de sexta-feira,6, foi realizado no auditório do Colégio Arquidiocesano mais um Culto Ecumênico com a participação das várias representações das Igrejas Cristãs. O Arcebispo de Aracaju,Dom José Palmeira, durante a homilia, falou sobre o tema “Acaso o Cristo está dividido?” Não, respondeu Dom Lessa durante a reflexão. "Nós não podemos nos dividir, pois Jesus, nosso Mestre, nos deu o testemunho da unidade", disse o Arcebispo, destacando ainda que o Corpo de Cristo não está dividido.

O pastor Edval Brandão,da Igreja Presbiteriana Independente, fez a abertura do Culto fazendo o comentário inicial e também falou sobre o tema. "O Cristo não está dividido, mas nossas Igrejas continuam a sustentar situações de divisão. Constatamos que persistem, em nosso meio, atitudes de preconceito, desconhecimento mútuo, resistências ao diálogo, à convivência e à cooperação que nós impossibilitam viver o testemunho da comunhão desejado por Jesus".
Padre Cláudio Dionísio,também deixou sua mensagem para os participantes do culto, e utilizando uma linguagem bem popular, ressaltou que devemos baixar as armas, ou seja, procurando nos manter unidos em Cristo, afinal, somos todos irmãos, lembrou.

Várias comunidades católicas, padres, pastores, diáconos, seminaristas, pastorais sociais, movimentos e leigos em geral participaram do Culto, que foi animado pelo ministério de música Shalom. O culto encerra, portanto, a Semana da Unidade dos Cristãos.

Texto: Rosalvo Nogueira SRTE/445/SE
Fotos: Marcos Simões

(Cf. http://www.arquidiocesedearacaju.org/?pg=noticia&idNoticia=2242).
Id. 4325 (Marcos Simões)Id. 4326 (Marcos Simões)Id. 4327 (Marcos Simões)Id. 4328 (Marcos Simões)Id. 4329 (Marcos Simões)Id. 4330 (Marcos Simões)Id. 4331 (Marcos Simões)Id. 4332 (Marcos Simões)Id. 4333 (Marcos Simões)
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mercoledì 4 giugno 2014

Grandes teólogos protestantes: Barth



INTRODUÇÃO

Sua obra desenvolve-se em meio ao liberalismo teológico mais exagerado, tendo nascido exatamente como reação radical a ele. Barth denunciou vigorosamente todas as tentativas de amordaçar a Palavra de Deus com a razão. Contra um cientismo ingenuamente triunfal e um racionalismo seguro de si, Barth afirmou que todo verdadeiro conhecimento provém de Deus. Essencialmente enfraquecido em sua unidade originária, o homem não pode mais alcançá-lo com suas forças; ao contrário, tudo aquilo que é humano, razão, filosofia, cultura, religião, encontra-se em substancial oposição a Ele. Somente pelo sacrifício de Jesus Cristo é que essa oposição é superada e a unidade restabelecida.


1)      VIDA

Karl Barth nasceu na Basiléia (1886 – 1968). Sua origem suíça é digna de nota: durante o período nazista, colocou-o em condições de opor-se a Hitler sem graves consequências; o máximo que o nacional-socialismo pôde fazer contra ele foi repatriá-lo. Da terra suíça, parece que Barth herdou também muitas convicções políticas e sociais: o apego à democracia, uma tendência ao conservadorismo, a desconfiança em relação aos blocos políticos, uma propensão para a neutralidade (entre Rússia e Estados Unidos).

Filho de pais protestantes (seu pai era professor de teologia), recebeu educação religiosa inicial na Igreja Reformada. Essa educação deixou marcas indeléveis em sua mente, as quais podem ser notadas em toda a sua produção teológica. Por toda a Dogmática Ecclesiástica ressoam as frases majestosas do Catecismo de Heidelberg. Seus estudos teológicos, iniciados em sua pátria, mais precisamente em Berna, foram prosseguidos na vizinha Alemanha, tendo passado pelas Universidades de Berlim, Marburg e Tübingen. Seus professores foram os mestres mais célebres do último liberalismo teológico: Harnack, Günkel, Schlatter e Hermann.

Concluídos seus estudos, foi convidado a ser assistente da paróquia reformada suíço-alemã de Genebra. Em 1911, foi promovido a pastor de Safenwill, onde transcorreram os dez anos decisivos da maturação do seu pensamento teológico. Em 1921, Karl Barth é nomeado “professor honorário de teologia reformada” na Universidade de Göettingen.

Quando Hitler subiu ao poder (1933), Barth era professor de teologia em Bonn. O acontecimento foi saudado em termos entusiásticos pelos responsáveis da “Igreja Evangélica da Nação Alemã”, criada em 25 de abril de 1933. Barth denunciou imediatamente tanto os erros do nazismo como as aberrações da “Igreja Evangélica da Nação Alemã”. Assim, já se tornava inevitável o confronto com as autoridades alemãs. Na primavera de 1935, Barth foi expulso da Alemanha. Decidiu então se estabelecer na Basiléia, sua cidade natal, onde empenha-se menos na ação, dispõe de maior tempo, escreve em seu ritmo intenso, publica livros e artigos para revistas de temas religiosos variados, prepara conferências e sermões e lança os fundamentos da resistência espiritual ao nazismo em todo o mundo. Morreu na Basiléia em 1968, deixando mulher e quatro filhos.


2)      OBRAS

     Seus escritos podem ser divididos em quatro grupos principais: obras exegéticas, históricas, dogmáticas e políticas.


a)      Obras exegéticas. – Dentre estas, o primeiro lugar cabe ao Der Römerbrief A Epístola / Carta aos Romanos (2” edição, Kaiser, Munique, 1922). Nele combate o racionalismo, o humanismo e o liberalismo, que tinham invadido a teologia protestante no século XIX, e traz novamente à luz a unicidade e o paradoxo da fé bíblica. Contra a teologia liberal, que eliminara a infinita distância que separa o homem de Deus e a razão da Revelação, Barth, inspirando-se em Kierkegaard, reivindica a infinita diferença qualitativa entre religião natural e Revelação, entre filosofia e Bíblia.


b)     Obras históricas. – Temos o célebre Fides Quaerens Intellectum. Anselms Beweis der Existenz Gottes / Fé em busca da compreensão – Proslogion de Santo Anselmo (Kaiser, 1931). Nessa obra, Barth estuda melhor a natureza e a função da teologia. Compreende que sua tarefa não é tanto acentuar a distância entre homem e Deus, mas muito mais penetrar no significado do conhecimento de Deus que é colocado à disposição do homem na revelação.


c)      As obras dogmáticas. – Dentre as várias dezenas de obras de caráter dogmático, destacamos Die Lehre vom Worte Gottes. Prolegomena zur Christlichen Dogmatik (A Doutrina da Palavra de Deus. Prolegômenos a uma Dogmática Cristã, Kaiser, Munique, 1927). Também nessa obra, a exemplo de Der Römerbrief, continua se utilizando da linguagem existencialista kierkegaardiana para exprimir a mensagem cristã.  Portanto, está convencido de que a linguagem dos existencialistas é a mais apta para traduzir o Evangelho a uma linguagem inteligível para nossa geração: “A Palavra de Deus”, afirma ele, “é um conceito só acessível ao pensamento existencial” [1].


d)     As obras políticas. – Neste grupo, a obra fundamental é Rechtfertgung und Recht (Justificação e Direito, Zollikon, Zurique, 1938). Nela, rompendo definitivamente com o dualismo político luterano, Barth demonstra que a obra de Deus, entendida como uma obra de justiça e justificação, implica em que o arbítrio não impere mais nas relações entre os homens, mas seja limitado, corrigido e reprimido em todo caso pelo direito.



3)      TESES


3.1) DEFINIÇÃO DA TEOLOGIA

A primeira preocupação do teólogo é conhecer aquilo que deve fazer: antes de mais nada, deve compreender o que significa “teologar”. Para captar o sentido exato daquilo que ele entende por teologia, é importante atentar para os títulos que ele dá aos seus tratados de dogmática: não os chama simplesmente “teologia dogmática”, como fazem habitualmente os teólogos católicos, mas sim “dogmática cristã”, “dogmática eclesiástica” ou “teologia evangélica”. Com os termos “cristã”, “eclesiástica” e “evangélica”, pretende indicar aspectos essenciais de sua teologia. Vejamos sucintamente o seu pensamento sobre cada um deles.


1.      Dogmática cristã. – Com o termo “cristã”, Barth quer dizer que não se pode pensar teologicamente senão tendo diante dos olhos a figura viva de Cristo. Nessa preocupação de colocar Cristo no centro de toda a reflexão teológica está a nota mais vista no qual Barth se coloca para entender todo o resto da Revelação. Só partindo da revelação expressa pela pessoa de Jesus Cristo é que podemos compreender a relação entre a criação, a criatura e a existência, de um lado, e a Igreja, a redenção e Deus, do outro; e não certamente baseando-nos numa verdade geral ou em dados da história das religiões.


2.      Dogmática evangélica. – Com o termo “evangélica”, Barth quer significar que a intenção da dogmática “é captar, compreender e exprimir em palavras o Deus do Evangelho pelo caminho por ele mesmo indicado; aquele Deus que se anuncia no Evangelho, fala de si aos homens e age entre eles e sobre eles. Donde deriva que onde ele é objeto de uma ciência humana e, como tal, torna-se sua origem e sua norma, aí temos uma teologia evangélica”[2]. Portanto, com o termo “evangélica”, Barth não pretende assinalar um novo objeto da teologia nem uma nova perspectiva teológica, mas sim uma atitude particular, uma disposição interior do teólogo. O objeto e a perspectiva estão sempre no Cristo. E não poderia ser outra maneira, dado que o Deus do Evangelho outro não é senão Jesus Cristo. Mas o Deus do Evangelho, o Cristo, é abordado com uma atitude especial, feita de humildade, modéstia, respeito, temor.


3.      Dogmática eclesiástica. – Outro aspecto essencial da teologia é a “eclesiasticidade”. Segundo Barth, a teologia não é uma tarefa deste ou daquele cristão, mas sim da Igreja.  Por quê? Para compreendê-lo, devemos partir do objetivo da teologia, que é o de intermediar a mensagem evangélica para os homens de uma dada época segundo as categorias mentais e a linguagem própria daquela época. Karl Barth insiste muito sobre a natureza eclesiástica da teologia, sobre tudo no primeiro volume da Dogmática Ecclesiastica, onde afirma que a teologia “é a prova a que a Igreja cristã se submete no que se refere ao conteúdo de sua mensagem em relação a Deus; é o auto-exame científico da Igreja cristã em relação à linguagem teológica”[3]. Daí ser necessário que a Igreja, dada a sua responsabilidade em relação à sua missão de anunciadora, tenha o direito e o dever de debruçar-se continuamente sobre sua atividade, reexaminando-a, criticando-a, retificando-a. Para isso Barth dá três motivos: O primeiro é que nem todas as categorias mentais e nem todas as expressões linguísticas estão aptas a servirem de veículo da palavra de Deus. O segundo é que nossa compreensão da Palavra é sempre limitada. E o terceiro motivo é que as formas conceituais e linguísticas estão sempre variando; com efeito, a revisão deve estar sempre em curso.


3.2) A PALAVRA DE DEUS

Segundo Karl Barth, o objeto da teologia dogmática é a Palavra de Deus. Mas o que entende ele por “Palavra de Deus”? Para Barth, a Palavra de Deus é todo o conjunto da automanifestação divina. A automanifestação de Deus é absolutamente extraordinária e original: “Como a realidade do Criador se distingue de toda outra realidade pelo fato de que ele e somente ele existe para si, isto é, originariamente, assim sua automanifestação se distingue da de qualquer outro ser e espírito criado, pelo fato de que ele e somente ele pode manifestar a sua existência autenticamente, veridicamente, eficazmente, documentando assim o seu ser em sua revelação” [4]. Segundo Barth, a automanifestação divina assume três aspectos ou formas: a revelação, a Bíblia e a pregação.

A revelação é o acontecimento através do qual Deus visitou o seu povo, fez-se um de nós, escondendo sua glória em nossa miséria. Numa palavra, o acontecimento da Palavra-feita-carne, da revelação em Cristo. A Bíblia é o atestado da revelação da Palavra ocorrida. A Bíblia é “o instrumento concreto mediante o qual a Igreja pode recordar a revelação de Deus ocorrida e ser solicitada, autorizada e guiada para a espera da revelação futura e, com essa, para a pregação”[5]. A pregação, por fim, é o anúncio da revelação ocorrida que é feito pela Igreja. Ela, por isso, se subordina essencialmente à Palavra revelada, que forma a sua base, o seu critério, o acontecimento milagroso em que ela encontra o seu constituinte essencial.

Essa realidade complexa e ao mesmo tempo tão simples que é Palavra de Deus, em cada uma de suas formas, é ao mesmo tempo alocução, ato e mistério. É alocução na medida em que Deus fala, isto é, se exprime através de uma linguagem: não há Palavra de Deus sem uma sua manifestação física, seja ela a pregação ou o sacramento, a palavra escrita ou a natureza humana do Verbo. É ato na medida em que a palavra divina é ela mesma ação que se verifica em três momentos qualitativamente diversos mas intimamente conjugados: o momento divino que se protrai no tempo de Jesus Cristo, o momento da profecia e do apostolado e o momento da Igreja e da pregação em trono do testemunho profético-apostólico. Por fim, é mistério na medida em que a teologia nunca pode torna-se dona do seu objeto. Essa é a substância do ensinamento barthiano sobre a natureza e os aspectos da Palavra de Deus.


3.3) A IGREJA

A ação reconciliadora de Cristo, que conclama o homem a uma nova vida como filho de Deus, chama-o, ao mesmo tempo, a fazer parte da Igreja, que é comunidade viva de nosso Senhor Jesus Cristo. Como já se viu, a Igreja tem essencialmente a função de pregar a Palavra e atestar a revelação da Palavra ocorrida. Os meios com os quais a Igreja exerce o seu ministério são a palavra e a ação. À palavra pertencem a adoração, a pregação, a instrução, a evangelização, a missão, a teologia. À ação pertencem a oração, a cura das almas, o diaconato ou serviço em benefício daqueles que necessitam e a ação profética.

Num de seus últimos ensaios, intitulado “A Noção da Igreja”, Barth desenvolve a doutrina da Igreja segundo os quatro pontos centrais da teologia tradicional (unidade, santidade, catolicidade e apostolicidade), a fim de estabelecer os pontos de contato e de conflito que existem nessa questão entre a Igreja Católica e as igrejas evangélicas. Barth encontra nesses quatro pontos específicos da Igreja uma profunda consonância entre a doutrina católica e a evangélica. Em seguida, prova com agudeza que essas divergências têm todas, em definitivo, as raízes na diferente concepção de fé: “Para nós protestantes, a fé é o recebimento e a posse humana da graça de Deus, recebimento e posse que já estão sob o impulso da graça. E esta é precisamente graça, ou seja, benefício indizível de Deus, na medida em que, tanto em relação àquele que recebe como em relação ao ato do recebimento, é e permanece graça de Deus, realidade do Logo e do Espírito de Deus”[6]. Essa concepção de fé, prossegue Barth, reflete-se literalmente na concepção da Igreja. Como na fé o homem nunca pode se tornar colaborador e muito menos substituto de Deus, da mesma forma a Igreja, na obra de reconciliação dos homens, não pode nunca cooperar e muito menos representar Cristo.


CONCLUSÃO

Karl Barth, assim como os originadores do protestantismo acredita na corrupção do homem, aqui encontramos um pessimismo, e ele também acredita na doutrina da justificação pela fé. Para ele só a palavra de Deus salva. No entanto, não podemos negar que Barth mesmo sendo um teólogo protestante, foi admirado por numerosos estudiosos, dentre eles, os mais dignos de nota são os católicos Von Balthasar e Bouillard. Barth conseguiu deixar sua importância para vida da Igreja e para a teologia contemporânea.


REFERÊNCIA: 
MONDIN, Battista. Os grandes teólogos do século vinte. Tradução de José Fernandes: revisão de Luiz Antonio Miranda. Reedição – São Paulo: Editora Teológica, 2003.


[1] B A R T H, (Apud Mondin, 2003)  Die Christliche Dogma, tik, Munique, 1927, p. 111.

““ FidesQuaerens Intellectum" é o subtitulo do celebre Proslogion de santo Anselmo.

[2] K. BARTH, (Apud Mondin 2003) Introduzione alia teologia evangelica, Milao, 1968, p. 9.

[3] K. BARTH, (Apud Mondin 2003)  Die Kirchliche Dogmatik, 1932, p.345.

[4] Idem, p. 399.

[5] Idem


[6] "La notion d'Eglise", (Apud Mondin 2003)  in Catholiques et Protestants, Paris, 1963, pp. 162-163.

Atividade elaborada sob solicitação do Prof. Dr. Pe. Claudio Dionizio Rocha Santos, para a disciplina Teologia Protestante e Oriental, sendo esta parte de uma das avaliações do curso.
Aracaju – SE, maio/2014

Weide Lima Santos

Pioneiros da Reforma Protestante (III): Ulrich Zwingli (Zuínglio)



Introdução

Zuínglio pertence a um período da história em que as insatisfações estão latentes no cotidiano das pessoas, seja pelas condições de vida, pelo modo de conceber a vida; pelos abusos dos reis e de seus príncipes; seja por parte da religião que por natureza e por etimologia da palavra “religa o homem a Deus” é ponte para o encontro consigo e com a Divindade.

Nasce em uma tradicional família católica, tendo uma educação de muita qualidade, com alguns dos melhores professores da época. Por sua inteligência e capacidade é eleito sacerdote para cuidar do rebanho de Glarus, com possibilidade de ir para Zurique, tendo a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos nas línguas grega e latim.

Unindo suas insatisfações com a política de seu tempo, com a questão dos mercenários e com a conduta da religião, inicia uma serie de questionamentos e insatisfações pessoas que levam-no a atacar a Igreja, provocando uma série de rompimentos.

Veremos em nosso trabalho um pouco de sua vida e formação intelectual; o período que se torna sacerdote; veremos seu patriotismo; seus aprofundamentos nos estudos e os primeiros ataques à Igreja; o seu rompimento com a Igreja; as disputas teológicas e por fim as batalhas entre os cantões católicos e protestantes e a sua morte em uma dessas batalhas.


VIDA DE ULRICH ZWINGLI (1484 – 1531)

Na pequena cidade de Wildhaus, em 1484 nascia um personagem que seria bastante influente na Suíça de seus dias. Seus pais o batizou com o nome de Ulrich Zwingli, que futuramente mudaria para Huldrych Zwingli. Seu nome em português, no entanto, estaria mais próximo do nome de batismo: Ulrico Zuínglio.

 Zuínglio foi educado na religião católica pelos pais tementes a Deus. Logo cedo se destacou por sua inteligência e amor à verdade. Aos oito anos ele teria dito que estava considerando se a mentira não deveria merecer uma punição maior que o roubo, já que a verdade seria “a mãe de todas as virtudes”. Por isto o pai achou uma injustiça confiná-lo à vida pastoril, como fizera com seus irmãos Heini e Claus. Decidiu assim deixá-lo aos cuidados de seu irmão Bartholomew em Wesen, que influenciou bastante o humanismo de Zuínglio.

Zuínglio permanece por dois anos com seu tio, quando este o enviara para Basiléia, para a escola St. Theodore, aos cuidados de George Binzli. Alí Zuínglio aprenderia latim, grego e música. Depois de três anos, Zuínglio é enviado a Berna, onde Heinrich Wölflin, ou Lupulus, conhecido como o melhor estudioso clássico e poeta latino da Suíça, tinha uma escola, na qual ensinava seus alunos sobre as obras de autores gregos e romanos clássicos.

De 1500 a 1502, ele estudaria na Universidade de Viena, que se tornara um centro de estudo dos clássicos através dos trabalhos de distintos humanistas, como Corvinus, Celtes, e Cuspinian. Estudou filosofia escolástica, astronomia e física, bem como os clássicos antigos. Potencializou sua vocação para a música, tocando vários instrumentos.

Em 1502 ele retornaria para Basileia, onde ensinaria latim na escola de São Martim. E dando prosseguimento em seus estudos, adquirindo grau de mestre em artes no ano 1506. Nesse período conhece Leo Judae, que se tornaria grande amigo durante os anos da Reforma em Zurique. Ele seria seu parceiro no futuro, na tarefa de traduzir a Bíblia dos idiomas originais para o dialeto alemão da Suíça. Decisivo para Zuínglio, no entanto, foi conhecer Thomas Wyttenbach, professor de teologia. Desde 1505. É ele quem teria aberto seus olhos para vários abusos da Igreja, principalmente as indulgências.


Eleito sacerdote

A igreja de Glarus estava sem um sacerdote. Henry Goeldli, de Zurique, teria sido indicado para a vaga, já que contava com o favor papal. Os cidadãos de Glarus, no entanto, perceberam as intenções puramente financeiras de Goeldli, mandando-o de volta a Zurique. Os cidadãos de Glarus elegeram o jovem Zuínglio para a vaga.  Ele fora então ordenado em Constança no mesmo ano, pregando seu primeiro sermão em Rapperschwyl, às margens do lago de Zurique, e logo depois celebrou sua primeira missa em Wildhaus, iniciando suas atividades sacerdotais em Glarus, permanecendo ai por 10 anos.

Em Glarus, entra em contato, pela primeira vez, com as obras de Erasmo de Roterdã, através de seu amigo Loreti de Glarus. Zuínglio nutriria profundo respeito pelo humanista, a quem visitou em 1515 em Basileia. A influência do estudioso em Zuínglio se fazia notar em sua alta estima pelos clássicos pagãos, sua oposição aos abusos eclesiásticos, a devoção ao estudo das Escrituras, e pode ter influenciado sua posição moderada sobre o pecado e culpa hereditária e sua primeira sugestão da interpretação figurada das palavras da Instituição da Ceia do Senhor. Ele acreditava firmemente na predestinação e conheceria aquele que seria seu biógrafo, Oswald Myconius.

Durante estes 10 anos em Glarus, Zuínglio se dedicou a aperfeiçoar seus conhecimentos nos idiomas bíblicos, especialmente o grego, para que pudesse ler a Bíblia em seus idiomas originais, estudando sozinho o grego. Certamente sua conversão não foi repentina, mas um processo intelectual gradual, que se completaria somente em Zurique. Em Glarus ele era um patriota e humanista, não um teólogo ou um professor religioso. Somente ao adotar a Bíblia como guia única para a vida é que ele rompeu com as tradições de Roma, as quais nunca o influenciaram muito.


Zuínglio patriota

 Era um costume suíço enviar padres aos campos de batalha como capelães, e por isto Zuínglio presenciou várias batalhas durante este tempo. É daí que Zuínglio inicia suas preocupações patrióticas, mas depois da batalha de Marignano (1515), onde um grande número de soldados suíços morreu por uma causa indigna que não lhes pertencia, quando outros simplesmente se venderam para Francisco I por um preço mais alto. Zuínglio começou a atacar a prática do serviço mercenário. Estes ataques não foram bem recebidos por alguns de seus paroquianos na cidade de Glarus, e ele se sentiu compelido a deixar aquela paróquia. E assim, Zuínglio foi obrigado a deixar Glarus em 1516, por conta de intrigas com o partido político francês, que chegou ao poder depois da batalha de Marignano.

Zuínglio aceita então um chamado a Einsiedeln, uma vila com um convento beneditino no Cantão católico de Schwyz. No entanto, manteria seu cargo de sacerdote em Glarus até seu chamado a Zurique, mantendo ali um vicário.


Aprofundamento nos estudos e primeiros ataques a Igreja

É em Einsiedeln que Zuínglio faz grande progresso no estudo das Escrituras e dos Padres da igreja. Várias anotações suas foram feitas nas laterais das obras destes Padres, sendo que os seus preferidos eram Orígenes, Ambrósio, Jerônimo e Crisóstomo. Embora citasse muito Agostinho, ele não chegou a gostar dele tanto quanto Lutero. Ele faz uma cópia manual de todas as epístolas de Paulo e a carta aos Hebreus, a partir da primeira edição de Erasmo, de março 1516.

Ao mesmo tempo ele iniciaria em Einsiedeln os ataques a alguns abusos por parte da Igreja, especialmente a venda de indulgências. Ele diria que teria iniciado a pregar o Evangelho antes que o nome de Lutero fosse conhecido na Suíça, mas com a diferença de depender demais dos Padres da Igreja. Por causa da força destes testemunhos é que alguns historiadores costumam apontar o ano de 1516 como sendo o início da Reforma suíça.


Rompimento com a Igreja

 Zuínglio é acusado de concubinato e de seduzir a filha de um cidadão influente em Einsiedeln, ás vésperas de sua eleição para o cargo em Zurique, ele escreve uma carta, defendendo-se das acusações exageradas, mas admitindo incastidade. Por um lado ele protesta por não ter desonrado nenhuma virgem, mulher casada ou freira, mas por outro lado ele admite um relacionamento com a filha de um barbeiro que já havia sido desonrada. Nesta carta ele já demonstrava seu arrependimento por tais condutas.

Em 1522 ele, juntamente com 10 padres, faria um pedido ao bispo de Constança e à Dieta suíça na Alemanha, para permitir a livre proclamação do evangelho e o casamento de sacerdotes. Ele reforçaria o pedido citando os exemplos de escândalos envolvendo o clero, incluindo seu próprio caso no passado. Este documento demonstra um grande avanço no sentimento moral em comparação com as desculpas dadas na carta já mencionada acima. Ele citaria as Escrituras em vista do direito ao casamento, implorando aos confederados que permitissem aquilo que o próprio Deus sancionou. As petições, no entanto, não foram concedidas.

Vários padres desobedeceram abertamente. Um se casou com uma freira do convento de Oetenbach (1523). Zuínglio se casaria em 1522, mas por precaução ele não tornou o casamento público até 5 de abril de 1524.


Disputas teológicas

Zuínglio propunha algumas disputas e a primeira delas ocorreu em 29 de janeiro de 1523, perante 600 pessoas, incluindo todo o clero e membros do conselho maior e menor de Zurique. O bispo de Constança enviou seu vicário geral, Dr. Faber, até aqui amigo de Zuínglio e um homem de grande respeito, hábil estudioso e hábil debatedor, com outros três conselheiros e juízes. Faber se recusou a entrar em discussões teológicas detalhadas, que ele achava ser apropriadas para Concílios ou Universidades. Zuínglio responderia suas objeções, convencendo a audiência. Por isto, no mesmo dia, os magistrados decidiriam em favor de Zuínglio, permitindo que ele proclamasse a verdade, proibindo também que qualquer sacerdote pregasse algo que ele não conseguisse demonstrar pelas Escrituras.

As consequências desta primeira disputa logo vieram. Ministros começaram a se casar, o batismo era feito no idioma vernacular e sem exorcismo, as imagens foram retiradas, rejeitadas. Com tais esclarecimentos, a opinião pública foi preparada para as reformas que se seguiriam. A destruição seria radical, mas ordenada, contanto com a ajuda dos ministros e magistrados civis. A reforma começaria em Pentecostes e se completaria em 20 de junho de 1524. Pinturas foram queimadas, ossos dos santos foram enterrados, paredes foram repintadas, órgãos foram retirados das igrejas. Zurique agora era uma cidade Protestante.

As disputas marcam um avanço além das costumeiras disputas acadêmicas no idioma latim. Elas foram mantidas diante de leigos assim como clérigos e no idioma vernacular. Elas trouxeram questões religiosas perante o tribunal do povo de acordo com o gênio das instituições republicanas. Elas tiveram, então, efeito mais prático do que a disputa em Leipzig. A Reforma alemã foi decidida pela vontade dos príncipes, a Reforma suíça pela vontade do povo: mas em ambos os casos havia uma simpatia entre os governantes e a maioria da população.

Batalha entre cantões católicos e protestantes e a morte de Zuínglio

Em meados de 1530, quando vários fatores políticos dão origem a uma batalha entre os Cantões protestantes e católicos. Entre eles, está a questão dos soldados mercenários e da proibição de pregar o Evangelho em Cantões católicos. Zuínglio não teria usado nenhuma arma na batalha, mas estava ali consolando os soldados e os motivando. Quando ajoelhava para consolar um soldado que estava morrendo, levou uma pedrada na cabeça, que o levou ao chão. Levantando-se, recebeu vários outros golpes. Levantando mais uma vez a cabeça viu o sangue sair de suas feridas. Ainda vivia quando o capitão Vokinger de Unterwalden, um dos soldados mercenários que tantas vezes Zuínglio havia condenado, o reconheceu e com um golpe de espada o mataria, exclamando “Morra, herege obstinado”.


Obras de Zuínglio

1. Obras Reformatórias e Polêmicas: (a) contra o papado e os papistas (Sobre Jejuns; Sobre Imagens; Sobre a Missa, etc.); (b) sobre a controvérsia com os anabatistas; (c) sobre a Ceia do Senhor, contra a doutrina de Lutero da presença real e corpórea.

2. Reformatórias e Doutrinais: A Exposição de suas 67 Conclusões (1524); Um Comentário sobre a Falsa e a Verdadeira Religião, endereçada ao rei Francis I. da França (1525); Um tratado sobre a Divina Providência (1530); Uma Confissão de Fé endereçada ao Imperador Carlos V. e a Dieta de Augsburgo (1530); e sua última confissão, escrita pouco antes de sua morte (1531) e publicada por Bullinger.

3. Práticas e Litúrgicas: O Pastor; Formas de Batismo e Celebração da Ceia do Senhor; Sermões, etc.

4. Exegéticas: Extratos de palestras sobre Gênesis, Êxodo, Salmos, Isaías, Jeremias, os quatro Evangelhos e a maioria das Epístolas, editado por Leo Judae, Megander e outros.

5. Patrióticas e Políticas: Contra pensões e serviços militares estrangeiros; discursos para os Confederados e o Conselho de Zurique; Sobre a Educação Cristã; Sobre a Paz e a Guerra, etc.

6. Poéticas: O Labirinto e A Fábula (suas primeiras produções); três poemas alemães escritos durante a peste; um escrito em 1529 e um Salmo versificado.

7. Epístolas. Elas mostram a extensão de sua influência e inclui cartas a Zwingli de Erasmo, Pucci, Papa Adriano VI., Faber, Vadianus, Glareanus, Myconius, Oecolampadius, Haller, Megander, Beatus Rhenanus, Urbanus Rhegius, Bucer, Hedio, Capito, Blaurer, Farel, Comander, Bullinger, Fagius, Pirkheimer, Zasius, Frobenius, Ulrich von Hutten, Filipe de Hesse, Duque Ulrich de Württemberg, e outras pessoas distintas.

               
Conclusão

Nossa pesquisa bibliográfica teve o intuito de clarificar e desmestificar naquilo que nos foi confiado a saber a vida, obras e teses do reformador Zuínglio que na Suíça de seu tempo. Seus comentadores buscam apresentar um personagem que deseja e luta para que seja revistos os valores pregados pela Igreja Católica.

É nos apresentado um homem inteligente, um patriota que defende seu país e seu povo, um homem de convicção que quer trazer uma nova visão, uma nova leitura bíblica.

Nas disputas teológicas foi vitorioso principalmente por ter apelado para as questões em que o povo estava insatisfeito e vendo com maus olhos, como as indulgencias e o celibato dos padres. Foi mais vitorioso ainda porque o povo não possuía a bíblia não tinham contato com ela, e por ter lido e se aprofundado dos textos bíblicos na língua original conduziu o povo com as palavras da bíblia interpretadas por ele.

Foi uma reforma conduzida pelo povo? Sim, mais com um povo conduzido por uma interpretação pessoal não levando em consideração a tradição oral, o magistério que ao longo de séculos vem conservando e interpretando num conjunto harmonioso.


REFERÊNCIA:






1.    SCHAFF, Phillip, History of Christian Church, Volume 8: Modern Christianity. The Swiss Reformation. O texto pode ser acessado no linkhttp://www.ccel.org/ccel/schaff/hcc8.iv.ii.ii.html



2.    Gonzalez, Justo L. Uma História do Pensamento Cristão. 3: Da Reforma Protestante ao século 20. Cultura Cristã. São Paulo. SP. 2004.



3.    ROPS, Daniel. A Igreja da Renascença e da Reforma (I). Quadrante. São Paulo. SP. 1996.

Atividade elaborada sob solicitação do Prof. Dr. Pe. Claudio Dionizio Rocha Santos, para a disciplina Teologia Protestante e Oriental, sendo esta parte de uma das avaliações do curso.
Aracaju – SE, maio/2014

Lucas Pires Pereira