domenica 23 aprile 2017

Nordeste, de Gilberto Freyre: um estudo de caso sobre ecologia humana


Fabrício Rodrigues dos Santos*

No estudo de caso realizado por Claudio Dionizio tem a preocupação de transmitir o aspecto ecológico presente na cultura da cana-de-açúcar, pretendendo explicar e levar o leitor a uma reflexão sobre tal situação apresentada. A situação apresentada surge no momento do auge da cultura, como também da decadência da cana-de-açúcar. Nesse contexto, analisa-se uma transição de estilo de sociedade, ou seja, da sociedade rural para a sociedade urbana. Dionizio mostra que Freyre, ao pensar nessa questão, faz uma análise com base em alguns componentes históricos e antropológicos, para poder entender o porquê dessa decadência, que afeta o homem e a sociedade, causando uma preocupação para com as condições desfavoráveis que atingem o próprio trabalhador rural da cana-de-açúcar. No tempo atual, quando se fala em ecologia, logo se pensa em conservação, o cuidado com o local em que vive, como também, o homem em relação com a natureza. Falando da agricultura intensiva e na questão ecológica, a questão do desenvolvimento da agricultura foi um dos fatores da intervenção do homem na natureza, pois começa o desmatamento, o descuido, sendo assim, nascem as propriedades privadas. Nesse contexto, aparece também uma agricultura passiva, imprudente, e insustentável, motivada pela devastação e queima da flora.
Segundo Claudio Dionizio, para Freyre, a cana-de-açúcar pode ser considerada na história da humanidade, a cultura agrícola mais importante, pois teve seu contributo no grande fenômeno na mobilidade humana, econômica, comercial e ecológica, ou seja, pelo fato de estar crescendo cada vez mais em quase toda parte das regiões. A cana além de possuir essa consideração, é uma das mais exigentes plantas, porém é nela que muitos homens encontram o sustento para os filhos e família. Em sua expansão, é importante frisar todo o processo que ela possuiu para se expandir:
Foi no Oriente que se descobriu o açúcar, tendo Papua Nova Guiné como berço. Os Árabes a fizeram chegar no Ocidente e foram os principais mensageiros de sua expansão. Os genoveses e venezianos forem encarregadas de seu comércio na Europa. Porém, foi nas ilhas onde ela encontrou um dos principais cuidadores: Creta, Sicília, Madeira, Açores, Canárias, Cabo Verde, S. Tomé, Porto Rico, Cuba, Jamaica.[1] (FREYRE apud DIONÍZIO. p, 87. Tradução nossa)
Portanto, até os dias atuais, a cana vem crescendo principalmente nas áreas rurais dos municípios. Essa exploração intensiva adentrou no maior fenômeno migratório em nível mundial, que foi a escravidão de milhões de africanos, para que pudessem ter mão de obra. Atos em si têm consequências, sendo assim, no Brasil, a cana-de-açúcar causou algumas sequelas ambientais. Pessoas importantes, como Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, entre outros, fizeram com que fosse introduzida a cultura da cana-de-açúcar, sobretudo, aproximando os homens mesmo nas diferenças, mas que fossem pessoas com os mesmos interesses, ou até mesmo, que tivessem a necessidade de ter o próprio sustento. “A cana como afirma Josué de Castro, é autofágica [...]” (FREYRE apud DIONÍZIO, p. 88), essa expressão é usada para explicar que ela por si própria tem sua substância, ou seja, se sustenta por si mesma, ocorrendo um processo muito rápido de crescimento e decadência, para que outras plantações possam ser feitas. Ao passar do tempo, ela foi adquirindo um grande avanço de produção, pois seu processo é fácil. Contudo, eis um grande problema, pois, para plantá-la, tem que demolir ou queimar a floresta, desencadeando diversos males, como poluição, crime ambiental, destruição do habitat, enfim, tristes realidades que são enfrentadas. No Brasil, uma vantagem foi que, pelo fato da mata atlântica ser de grande proporção, esse mal não conseguiu atacar por completo, porém, mais tarde, uma parte foi atingida pelas próprias queimadas. Logo após, a cultura da cana-de-açúcar foi valorizada na área dos canaviais, e a mata foi desprezada.  A grande demanda de produção fez com ela fosse de maneira um pouco exagerada, valorizada. No Brasil, especificamente do século XVIII, “cada quilo de açúcar, equivaleria a quinze quilos de madeira queimada, dando uma média anual de duzentos e dez mil toneladas (210.000)[2]” (FREYRE apud DIONÍZIO, p. 88. Tradução nossa), e podendo ver um grande absurdo que acontece por essa grande influência da cana sobre a vida do nordeste, contudo, esse número tão alto acabou que excitando uma espécie de usura econômica, e isso levou a um desenvolvimento desregulado dos canaviais nas terras brasileiras. Tal situação remete o pensamento de situações não tão distantes a nossa realidade pessoal, onde, se a pessoa chega em um povoado, logo “dá de cara” com um espaço de terras ocupadas de maneira imensa e absurda, com plantações da cana-de-açúcar, e tornando aquele solo estéril para outro tipo de plantação.
A relação de conflito entre a cana-de-açúcar e as variáveis do complexo ecológico é um tema tratado por Freyre, visando mostrar uma relação da cultura com as quatro variáveis do processo ecológico, a saber: a terra, a água, a mata e os animais. Já adentrando no conflito entre a cana e a terra, quando os portugueses chegaram no Brasil, logo se deu a confusão, pois deram início à substituição da floresta pelo cultivo da cana, sendo assim, teve que ocorrer a devastação, porque tinha a necessidade de terra, e também de lenhas para pôr na fornalha, permitindo que fique acesa. Lembrando que o século XIX, foi o período da decadência dos senhores de engenho do açúcar do Nordeste. A cana está ligada profundamente com a terra, contudo, tem a necessidade da água. Em alguns locais, há pequenos riachos ou lugares com água corrente, facilitando o solo ficar umedecido. Tendo em vista também a relação entre o rio e o homem. Dos rios saíam os alimentos dos pobres, mas também as iguarias dos senhores ricos. O grande problema está no momento em que as usinas de açúcar permitem que as águas usadas por eles, que já estão sujas, sejam despejadas nos próprios rios. Essa triste realidade poluente, faz com que os peixes sejam mortos, além do empobrecimento do solo. Contudo, o grupo social que são os ricos não está dando a mínima atenção, pois a produção crescente é o foco de cada um, esquecendo que os pobres são prejudicados, pois muitos usam da parte melhor do rio para a produção de peixes. No conflito entre a cana e a mata, é preciso lembrar que, quando o autor Freyre fala sobre a floresta nordestina ele especificamente trata da zona da mata, que é a parte onde encontra a zona do canavial. Um grande problema que foi enfrentado é que começaram a usar das árvores desmatadas, para fazer móveis, como também destruíram tudo que impedisse o progresso da plantação da cana-de-açúcar, e até hoje em várias regiões se vê essa prática das queimadas, desmatamentos. Faziam isso sem pensar nas consequências que enfrentariam. Outro conflito foi entre a cana e os animais, nesse período os animais foram perdendo seu habitat, pelo fato da ganância do homem em querer plantar em todo o território, a cana-de-açúcar, é uma realidade que se alastra em vários lugares, pois outras plantações são esquecidas e querem somente que a cana possa atingir a maior parte. Além de expulsarem os animais, outros serviram até mesmo de decoração, vendiam os papagaios, pois tinha a possibilidade de falar.
É necessário cuidar bem dos recursos naturais do lugar que habitamos, pois gerações futuras virão e vão desfrutar daquilo que estamos vivendo no presente. O correto desenvolvimento é aquele em que satisfaz as necessidades presentes sem transtornar as gerações futuras. Como em praticamente todos os ambientes existem alguns conflitos, contudo também existiram alguns no aspecto social, que foi o fato da deterioração ambiental, para satisfação dos senhores de engenho da cana-de-açúcar. Para um desenvolvimento são necessárias algumas medidas, pois ao passar do tempo observa-se que há uma tendência para o crescimento da cana nas regiões. Nesse processo surge novos investimentos, principalmente com máquinas substituindo o trabalho humano, para um maior lucro, mas não é lembrado que alguns fatores aparecem, como prejudicar o solo e, em outro aspecto, a não preocupação sobre o surgimento de futuras plantas, e até mesmo, as futuras espécies que estariam a viver naquele lugar. Dentre vários elementos para um bom diálogo entre a economia, ética e o ambiente, propõe- se alguns: - A conservação do solo e da água; o tratamento mais humano dos animais; a formação dos agricultores; programas educativos. Entre outros. Aproveitando esses elementos, conseguirá garantir um bom proveito econômico e o desenvolvimento saudável da produção sem partir para a forma agressiva, e acima de tudo, passaria a ter consciência e responsabilidade para a manutenção, os cuidados necessários.
Na parte conclusiva, vem focar no alerta sobre os problemas que o Nordeste brasileiro enfrenta com a cana-de-açúcar, ou seja, com uma produção mal feita e com interesses superiores. Diante das situações analisadas, vê-se que surge uma espécie de ganância sobre toda produção, querendo os lucros, e os pobres tornando-se escravos para que ter em o próprio sustento. Todavia, alguns dos que precisam acabam que virando monocultores, sendo influenciados pela sede de dinheiro. Por isso, dentro desse processo da cana-de-açúcar, houve um desenvolvimento, conquanto, ainda existem conflitos, pelo fato de esse processo passar muitas vezes do limite, prejudicando um progresso salutar.



[1] Fue el oriente que descubrío el azúcar, tendo la Papua Nueva Guinea como cuna. Los árabes la hicieron llegar em Occidente y fueran los principales mensajeros de su expansión. Los genoveses e venecianos se encargaran de su comercio em Europa. Pero fue em las islas, donde ella encontro uno de los principales invernadores: Creta, Sicilia, Madeira, Canárias, Cabo Verde, S. Tomé, Puerto Rico, Jamaica.
[2] Cada kilo de azúcar producido, equivaldría a quince quilos de madera quemada, dando uma media anual de doscientos y diez mil toneladas (210.000)

Homens, engenharias e rumos sociais


Eduardo Gomes dos Santos*
O presente capítulo II desta obra de engenharias e rumos sociais de Gilberto Freyre, aprofunda esta síntese que traz como título principal: “Em torno do desafio das selvas brasileiras às três engenharias”. Este mesmo capítulo procura expressar os pioneiros desafios da Amazônia, que sem dúvida nenhuma é uma forma favorável de demostrar a riqueza da nossa casa comum, ela mesma traz consigo elementos nacionalmente valiosos para todos nos brasileiros, principalmente no contexto atual em que estamos vivendo. Ela, a própria casa comum, vem sofrendo inúmeras formas de agressão a partir de seus povos. Essa falta de cuidado gerado um grande embate e diversos questionamentos. A falta de organização e de cuidado gera uma explorada e ambiciosa loucura pelos bens que este local tem a oferece, assim vemos bem rápido uma grande desordem social de pessoas ou ate mesmos grupos e grandes latifundiários extraindo suas riquezas, fala dessa exploração e fazer memória de tudo que passou e vem acontecendo na historia amazônica, desde dos tempos coloniais ate os tempos atuais, dos martírios das grandes pessoalidades que deram suas vidas por uma causa, certa causa ao qual chamam de radicalidade, alguns tendo o Evangelho como expiração de vida e outro seguindo os grandes ensinamentos sociais, sindicais e filosóficos.
Em seguida nos aparece a internacionalização, ou seja, uma espécie de fenômeno amplo, que supostamente deveria e dever nos levar a compreender a exportação e importação de produtos e serviços, no nosso caso são as árvores, animais, mão de obra barata ou a suposta e escondida produção direta no mercado externo, passando por várias fases intermediárias de comprometimento com os mercados. Nestas primeiras páginas, começamos com uma grande pergunta que pode ser chamada também de ascese, um esforço, que não é necessariamente ser um grande intelectual para compreender bem as propostas de uma filosofia da Amazônia, pois essa passa a orientar e ajudar os esforços da alta colonização do início desde quando tudo começou do caos ao nada que depois e visto como o tudo, sua base se encontra em uma grande ruptura da ganancia humana, da falta do caráter. Deste modo também tal filosofia da Transamazônica retrata as ambições, as necessidades e preocupações nacionais e internacionais, tendenciosas e ecológicas, pois cada vez mais o homem acaba destruindo a si próprio. Sendo assim, não ver a sua inclinação tendenciosa para a desconstrução de seu caráter e de seu amor pela casa comum, do brasileiro aos brasileiros alguns se identificam com o Brasil por mediação do amor e do esboço nacional, se cada brasileiro inserido no conceito de sociedade do nosso tempo vivem completamente mornos em viver ou não ao mesmo tempo no passado e no presente.
Aqui fica bem claro visão de Gilberto Freyre, a Transamazônica deve ser compreendida, e não apenas olhada como uma coisa insignificante ou necessária para quando necessitamos, ela tem sua rica contribuição, que parte de grandiosos princípios comunitários desde seus primeiros habitantes os indígenas. A filosofia nesse sentido cumpre muito bem seu papel, essa mesma filosofia é á que esclarece os impactos dessa iniciativa tão abrangente, sob a ótica da engenharia física, da engenharia humana e da engenharia social.
Aí vem a sugestão ou em outras palavras, o convite do autor para uma política da ecologia. Grandes foram os movimentos nos anos 70 que falaram nesse tema de vasta compreensão. Os principais grupos que refletiram essa temática da Política da ecologia foram os movimentos de libertação, as pequenas comunidades, ao qual se multiplicaram no Brasil as CEB’s (Comunidades Eclesiais de Base)fizeram um amplo trabalho de conscientização politica que geraram grandes figuras politicas na época, ao qual não era um tempo fácil, era um tempo ditado aonde o poder era a principal fonte de crescimento pessoal, e eles tiveram ao lado deles grandes personalidades intelectuais como Frei Betto e o Leonardo Boff e Dom Helder Câmara, Paulo Freire com a Pedagogia do Oprimido. Vejo hoje uma sociedade perdida, perdida pelo motivo de não está construído uma caminhada futura visando o dom precioso da vida e o da nossa casa comum, somos todos participantes dessa caminhada de solidariedade, caminheiros na busca da justiça social. Somente homens e mulheres como Chico Mendes e Dorothy Stang compreenderam o que chamamos de amor condicional, a ponto de darem sua vida, pelos menos favorecidos, aqueles ao qual olhamos com desprezo por não terem nada de voz e nem vez, cabe a nos, não olhamos para a região amazônica como fonte de renda e de capital, mais sim fazemos uma chamada ao nosso raciocínio e pela razão alagarmos o nosso pensamento, deixando o eu para traz e nos conscientizamos que somos humanos.
O que fala diante a uma destruição da mãe natureza, a mãe Terra e a exploração dos seus nutrientes. Esse assunto que foi alvo de muitos debates, por grandes intelectuais, pendido a todos para voltarem seus olhares para o mundo como o todo. O Gilberto Freyre avalia que os políticos responsáveis por administrar as grande terra samazônicas, necessitam abraçarem com grande cuidado e respeito os desafios e estarem cientese orientados sob a ótica das engenharias social e humana, e não só agarrados pelas ousadias da engenharia física, para não cair na malicia de deixa apenas uma engenharia ser a administradora da gestão. Essa é a verdadeira visão que poder ser considerada por alguns uma grande utopia do novo político que vai se fundamenta em uma pratix, uma pratica em um auxílio tanto ao cientista quanto do humanista, que necessita acordarem a ponto de se provocarem zelosos. A natureza cada vez mais é desmoralizada e resumida a um simples conjunto de recursos naturais, ou como assunto descartável, usou joga fora, em disponibilidade apenas dos nossos mesquinhos comportamos. Os pobres, indígenas, quilombolas, migrantes e sem-terra são meramente considerados como soluções humanas ou pior ainda pedaço humano em colocação de um maldito alvo de produção.
Para compreendermos bem, vamos ver quais são as três grandes engenharias e como elas funcionam a Engenharia física, aparece em quase todas as coisas e procedimentos das construções, como casas, pontes, instrumentos de trabalho e tantos outros equipamentos; A Engenharia humana, cuida das relações dos homens com tais coisas, ou seja do homem na sociedade e suas relações; A Engenharia social, cuida da camada social gerando uma ordem entre homens uns com os outros e com seus grandes métodos de organização. Para Freyre, essas três engenharias estão acrescentadas, a uma filosofia social voltada para com o conflito dos aumentos tecnológicos, sem que levante se brotem em danos da espécie humana, da vida e do procedimento humano, apontando uma característica de vida para as populações amazônicas principalmente os ribeirinhos que são muitas das vezes esquecidos, e sempre, estão eles, no nada com apenas o necessário. Resumidamente é uma filosofia social que converse com os múltiplos comediantes da sociedade e com administração, com as agências privadas, as universidades e os diversos sistemas educativos como um todo, das religiões que não são poucas são diversas cada um com sua linda forma de ver o sagrado, dos movimentos sociais, todos esses responsáveis por amenizar o desequilíbrio ecológico e um fato muito presente em nosso tempo hoje.
Tal Desafio em função da riqueza que a região possui são os depósitos de carvão, ferro, aço e petróleo. Nesse período, este franzindo homem chamado Freyre compara na obra o caso de países que, diante do mesmo desafio parecido com o amazônico, puderam organizar as metodologias de desenvolvimento Rússia, Itália, Holanda, Alemanha, Inglaterra, em que esforços nacionais foram empregados para discernir as deficiências regionais que ocorrem entre regiões de um mesmo país, entre Norte e sul, entre Sudeste e Nordeste, etc. Nesses países. Ele finaliza neste assunto que o grande contratempo da internacionalização da Amazônica é um ponto desprezível, de acordo com a história, revelada por meio de ações tendenciosas a entrada dos forasteiros e suas expressões simplesmente resultantes da engenharia física; pressões desnacionalizantes, politicamente antibrasileiras, antinacional, internacionalização natural de um simples progressismo e liberalismo de autores nacionais citados (como Tavares Bastos), cujas suas ideias partiram de fora para dentro do Brasil. Assim vejo nitidamente que Amazônia e será sempre esse bem comum, e como seria ótimo se voltássemos nossos olhares socialmente falando, para a cultura do ser, e do cuida. Tudo seria bem mais feliz a ponto de não nos preocupamos com apenas as engenharias e sim com os grandes benefícios, mas e importe para e rever os futuros e grandes problemas atuais que isso emergiu para todos e principalmente para aqueles povos indígenas.
Diante das interpretações, mas modernas dos grandes e vastos processos de socialização e bom revelar o poder dos comportamentos da aprendizagem, de acordo com o modo de se aprende. Ele decide que a socialização vem integra em representação das culturas. Como notamos na nossa Amazônia é uma coisa individualmente essencial para o homem brasileiro de sempre, incluso do visivelmente só do hoje, como um tipo de homem vivente e convivente com tempos e em tempos e em termos nacionais e transcendentais de vivencia e de convivência. Entre estas interpretações temos em primeiro lugar aquelas da originalidade sociocultural esta constituída por o sistema de realizações do organismo dos impedimentos que os infligisses necessidades do homem enquanto aja um sistema social. São muitos os espaços rurais que pedem antes soluções urbanas, de relações de grupos sociais com a natureza, do que as, por um lado, somente rurais ou por outro lado, apenas urbanas. Com terras, agua, paisagem e o que muitos chamam de equilíbrio ecológico, também pessoas que se ocupam com os problemas estruturais, se dirige com relação as analises dos processos de socialização, sobre tudo, o interno da família chamada interiorização dos valores e das normas dos grupos. Graças aos homens de grande concentração, além da cientifica, humanística, político no mais alto sentido, aperfeiçoados os condutores das três grandes engelharias.
Agora fica bem clara as normas de comportamentos dos primeiros colonizadores e dos primeiros povos os indígenas daquela região, o homem como ser racional e ao mesmo tempo um ser comunitário, contudo o lucro da riqueza fala mais alto e como isso quase que mal interprestado socialmente na pratica e na fala, a intercidade dos modelos e as normas de comportamento vem seguidas por meio da decidida relação com as variáveis necessidades, firmes e valores, que as possibilitam distinguir, entre as diversas normas e costumes e os hábitos sociais. E assim os costumes compreendem as normas reguladoras e vai ao encontro da sociedade, a ponto de se envolverem entre a estrutura sociocultural que transmite as normas de comportamento e ai aparece em bem nítido as associações econômicas, politicas e sociais. Os grandes investimentos e grandes evoluções sociais partem de uma boa administração social, e necessária uma filosofia regente, que rege e faça os homens pensarem e usarem seus próprios pensamentos, a racionalidade do ser e mais do que apenas fazer acontecer e sim ver como e necessário a cada dia um funcionamento correspondente que conduza as particularidades. Se existe criticas é porque existe primeiramente um olha panorâmico, de uma procura constante por uma igualdade, por um planejamento bom de vida, aonde não exista menores ou maiores, e sim pessoas, sejas elas as principais autoras de seus projetos, seja qual etnia da origem família, cada um tem vez e voz.
Referencia
FREYRE, Gilberto; Homens, engenharias e rumos sociais: Em torno do desafio das selvas brasileiras ás três engenharias, Record: Rio de Janeiro, 1987, pag 110-139.

DIONIZIO, Claudio; Para comprenderel mundo: apuntes de sociologia. 2016

Síntese da introdução à primeira edição do livro "O velho Felix e suas "Memórias de um Cavalcante"


Daniel Santana Ribeiro*
O livro “O velho Felix e suas memórias de um Cavalcanti”, do autor brasileiro Gilberto Freyre, vem nos contar sobre a história de um patriarca da família Cavalcanti. O nome dele era Felix Cavalcanti, que viveu em Recife no século XIX, tendo presenciado várias agitações políticas de sua época, deixando-as quase todas registradas em um diário. Ele era monarquista, mas não se envolvia nas políticas partidárias daquela época. Ele não escreveu essas memórias para serem publicadas ou para fins literários, e sim para assuntos íntimos, observações pessoais, impressões privadas, cronologias domésticas, reações aos acontecimentos, desassossego e confusão diante do progresso, da invenção técnica ou do milagre cientifico. Felix Cavalcanti era um homem simples e não era uma personalidade importante, nem tão pouco tinha influência na sociedade em que vivia.
Era um Cavalcanti com muita autencidade e legítimo, que preferia um emprego modesto aos títulos valiosos da sua ascendência ilustre.
No livro sucedem-se as grandes cheias, as secas devastadoras, a Revolta Praieira, o triunfo das causas populares, a eloquência de Joaquim Nabuco, a abolição e a República entre outros assuntos.
“A Monarquia continuava como o equilíbrio dos poderes, o respeito da lei e da justiça, o símbolo das causas e dos direitos humanos. Nela não há tiranos para exercer o despotismo nem eleições manipuladas com audácia e dinheiro. Porque era uma utopia, as perspectivas da República o apavoravam, as degenerações e balbúrdias o deprimiam, os atentados, violências e terrores o petrificavam”. (op. cit. pp. XXIII).
Os argumentos que Félix Cavalcanti usava contra a república eram muito fortes.
Nos assentos desse vago e tímido memorista, há o que aprender, meditar e comparar. E é um tema muito rico para os estudiosos da ciência social.
O livro traz uma figura com o nome de Papai-outro, que tantas vezes era citado nas conversas de famílias e que ele contava bastantes histórias. Fala de um caderno que traz a história exata de um tal negro que caiu da torre da Igreja do Carmo, que esmagou as duas mulheres e dias depois foi visto passeando nas ruas de Recife. Essa história ligada a Papai-outro é a que mais maravilhava. Traz também algumas notas de nascimentos, casamentos, mortes, formaturas, nomeações, demissões, embarques e desembarques de gente da familia. O primeiro neto de Felix Cavalcanti foi Ioôzinho.
Era morrer ou adoecer uma pessoa da família que Papai-outro mudava de casa. Sempre estava morrendo pessoas da família de Papai-outro, alguns escravos ou alguém que estava doente e precisava respirar outros ares. As doenças que mais matavam o povo era, a bexiga, a tuberculose, a peste bubônica, a febre amarela, a colerina, que se instalaram nos velhos sobrados de Recife.
É curioso que, no caderno do velho Felix Cavalcanti, não há nenhuma nota de admiração pela pessoa de Joaquim Nabuco, o Pais Barreto de Maçangana que, democratizando-se, aristocratizou as causas populares que defendeu um tanto teatralmente das varandas dos sobrados do Recife.
Felix Cavalcanti não incorreu na denúncia do padre, não foi daqueles que “não tendo com a família parentesco, ou tendo já muito remoto, e nunca até então dando-se por tal começarem a denominar-se também Cavalcanti. Felix foi entusiasta da administração do seu ilustre parente Francisco do Rego Barros, mas não da oligarquia Rego de Barros. Ele se revela sempre contrário aos abusos que eles cometeram durante o governo político “amante do Progresso de sua Pátria.”
Os críticos dos costumes pernambucanos na primeira metade do século XIX, quando queriam citar exemplo de família rica, mas mal-educada era a família Cavalcanti que citavam de preferência. A edição nos trás, que ainda novo Felix vai para Recife onde adquiriu uma regular instrução e nisso tomando gosto especial pelo estudo de Geografia, até o ponto de ter tentado escrever um compêndio sobre essa matéria.
Bem interessante salientar os argumentos de Felix Cavalcanti a favor da Monarquia e que se conservou fiel até a morte. Afinal a Monarquia não caiu no Brasil como "o defunto sem choro" a que se referiu uma vez certo ironista melancólico. Nesta edição também vem tratar sobre a Lei do Ventre Livre. Era um católico praticante, ia as missas aos domingos e nas quintas.
O livro "O velho Felix e suas memorias de um Cavalcanti" vem tratar sobre um senhor com o apelido de "papai-outro", que procurou dar instrução aos seus filhos e filhas e prepará-los da melhor maneira para o futuro social, embora dentro das tradições religiosas da época.
Podemos comparar com a autoridade e poder. Segundo a Sociologia, poder é a habilidade de impor a sua vontade sobre os outros, e existem diversos tipos de poder: o poder social, o poder econômico, o poder militar, o poder político entre outros.
Já a autoridade é a base de qualquer tipo de organização hierarquizada, sobretudo no sistema político. É uma espécie de poder continuativo no tempo estabilizado, podendo ser caracterizado como institucionalizado, ou não, em que os subordinados prestam uma obediência incondicional, ao indivíduo ou à instituição detentores da autoridade.
Mas pegando o texto do livro em questão, podemos associar que Felix Cavalcanti era o patriarca da família e que exercia na mesma o papel e autoridade e de poder sobre ela e também podemos verificar que ele era monárquico, mas não se envolvia com as políticas da sua época, mas era um modelo para a sua família, por causa de seus ensinamentos familiares.
Ele tinha autoridade sobre sua família, ensinava as coisas básicas para a sobrevivência social da mesma. Mas não usava dessa autoridade para ter subordinados para ele e sim só para ajudar.

Felix Cavalcanti, exercendo essa autoridade na sua família, ajudou bastante para que eles pudessem crescer na sua vida social. Um exemplo é que vários dos seus filhos, netos e genros fizeram carreira na Alfândega, onde alguns atingiram postos mais altos da instituição. Isso mostra que, quando a autoridade é usada com seriedade, ela gera resultados positivos nas vidas das pessoas.

Folclore e Mudança Social na Cidade de São Paulo


Denisson dos Santos*

A síntese do capitulo quinto do livro “Folclore e Mudança Social na Cidade de São Paulo”, nos fará admirar os diversos de ‘‘manifestação popular’’ no contexto do estado paulista. Com base nisto, o autor Florestan modos Fernandes elabora a sua tese de mestrado no campo folclórico do povo na maior metrópole do país. Podemos perceber, pois, a organização social dessas pessoas nas atividades mágicas, assim também a relação com a mitologia e a ciência.
Podemos, pois, perceber o primeiro ponto ainda na introdução, quando ele fala nas “superstições”, coisa que o senso comum e as experiências respondem, mas estudiosos aprofundam o seu estudo em cima dessa temática. Um desses estudiosos é o Gilberto Freyre, que, após algumas percepções em outros autores chega a uma teoria diz que ‘‘o maior número de crendices, superstições, etc. torna-se mais comum nos vilarejos, nos descampados, enfim, em meio aos camponeses do que nos demais que se encontram nas cidades. Sendo assim o folclore acaba por ser definido como ciência do saber popular, mas antes disso podemos levantar as questões: por que esse número encontra-se mais elevado em meio àqueles que menos sabem? E os demais das cidades, o porquê desse fechamento a forma de crer do povo?
Pois bem, esses fenômenos acabam por acontecer, muitas vezes, com uma prática de exemplificar os fatos acontecidos entre as pessoas, ou seja, dar forma a um uso antigo procurando demonstrar um aspecto mais racional. Já adentrando na segunda parte, podemos ver a relação do folclore com a sociedade, ou seja, como as pessoas verão esse termo mágico no folclore, sendo assim uma prática baseada na crença de ser possível influenciar o curso dos acontecimentos e produzir efeitos não naturais, valendo-se da intervenção de seres fantásticos, Aqui entra outro termo atribuído à magia que é a virtude, mas por que virtude? Tudo por questão de associar a magia a algo ou a alguém, com isso, assim aqui nascem os magos, bruxas, benzedeiras... Mas como podemos atribuirà magia sendo assim dar vida a  seres que contem a história de determinado povo ou explicar os fatos ainda não explicados, daí nasce a caipora, o saci, a cuca, a iara etc. É isso que o autor procura a todo o momento explicar mais detalhadamente com base em estudos científicos. É bem verdade que o contexto em que o autor está inserido não é diferente do que vemos hoje em dia.
Os acontecimentos folclóricos têm tido uma queda muito brusca no estado de São Paulo por razão da rápida urbanização das áreas de campo, e consequentemente, a desistência de adeptos religiosos, pelo fato da xenofobia, chegando a por em dúvida da sua eficácia e a ridicularizá-las, destacando aqui a secularização da cultura, substituindo aqueles valores mágicos tradicionais como algo necessário para o cotidiano. Os elementos mágicos e os elementos culturais são valores aos quais contribuem para a configuração sociocultural dos indivíduos adeptos de tais crenças, com isso o autor relata os valores entre a magia branca e a crendice. Quando se fala de magia branca ele expõe alguns valores agregados ao tema, lembrando-se do que um ponto de vista sociológico.
O primeiro valor positivo da magia é a relação de integração dos indivíduos na sociedade, no caso paulista. Já um aspecto negativo seria mesmo sendo a magia branca ela comete fortes crimes e a dignidade do homem entra aqui (a violação de sepulturas, macumbeiros, feiticeiros e curandeiros), O segundo valor diz respeito à vida social e às relações com a religião.
A ligação intimamente estreita entre os elementos mágicos e os naturais podendo ser vista em outras situações da vida corriqueira, atribuindo essas forças a um termo da língua latina que diz: “mutatis mutantis” que trata de “forças” boas e más. Com isso foram recolhidos alguns fatos sobre essa cultura do povo, esses elementos folclóricos foram pesquisados através de elementos recolhidos pela tradição oral, observando assim as crendices e as superstições, em pessoas residentes em bairros da capital paulista, validando assim que, mesmo fazendo parte do sistema político metropolitano, essas pessoas são adquirentes dessas crenças. Muitas vezes, mesmo despercebidamente, elas fazem o uso da magia branca. Um exemplo prático dessa magia é a concepção de castigo que se tem. Sendo assim eles o veem como algo mágico-religioso, avivando a consciência do dever e das obrigações religiosas, tornando assim o indivíduo mais zeloso nas práticas de sua religião.
Acontece também o choque entre a medicina e a magia, em que onde ambas pregam um processo de cura, onde a medicina trabalha com os embasamentos científicos, e a magia com base nas experiências em entidades extraterrenas, o que distingue uma da outra são os meios a se chegar ao bem corporal.
Terminando aqui a parte dos aspectos teóricos, veremos agora indícios da mesma recolhida através da tradição oral, pondo aqui duas vertentes as quais foram usadas para significar os “indícios” e as “práticas simpáticas”.
Os indícios são as características (elementos) padrões que se tornam essenciais para os indivíduos, podendo assim chegar a explicar as situações futuras, esses indícios podem ser considerados como favoráveis, desfavoráveis e somente indicações.
Favorável: quando os indivíduos tendem a reforçar as suas possibilidades com outros elementos da natureza, elas tratam de exercer as ações, até realizar o que desejam. (orações, amuletos, bentinhos, mão direita, pé direito, etc.).
Desfavoráveis: os indivíduos procuram anular as possibilidades, para tal eles se utilizam do processo inverso. (orações, neutralizantes, amuletos, figas).
Indicativos: ela relata a conduta do indivíduo diante da situação, ou seja, quando a situação prevista lhe causa prazer.
Os três tipos de indícios citados são indicações de situações aos acontecimentos que ainda nos venha a acontecer.
No entanto podemos, assim como o autor citar exemplos os quais exemplifiquem o grau de veracidade dos indícios. Indício favorável sendo assim os ‘‘bons acontecimentos’’. Por exemplo: botão – achar um de camisa é sinal de felicidade; trevo – dá sorte achar um de quatro folhas.
Já nos indícios desfavoráveis temos como exemplo: aliança – leva à infelicidade a pessoa que a encontra se não procurar devolver ao dono; bacia – deixar ou esquecer invertida leva a miséria para os donos da casa.
Ora, entramos em outra parte do livro que são as práticas simpáticas. Elas não passam de meras simpatias, por exemplo, (uma pessoa inverte a camisa de outra no varal, para que essa se prejudique), que são constituídas por partes até se adquirir alguma coisa (sorte, amor, evitar doenças, etc.), ou meramente minimizar os malefícios já causados.
Elas podem, por sua vez, ser positivas e negativas. Positivas são quando ela age ativamente, na obtenção de alguma coisa, exemplo: (beber água da chuva- faz muito bem à saúde; alecrim – para afastar forças estranhas.), já as negativas é quando age ativamente, mas de modo nefasto, exemplo: (a camisa ao inverso). Já outro ponto que o autor trata no livro é em questão as práticas medicinais, que são modos de tratamentos mais conhecidas como a terapêutica popular, sendo assim o autor dar alguns meios (comidas, posições, rezas, etc.).
O interessante é que o texto põe como citação os momentos os quais há mais incidência de superstições que é chamado de ”ciclo supersticioso”, sendo eles em épocas do ano que implicam, de modo geral, em determinadas condutas, exemplo: as festas juninas, festa de passagem de ano; como também em datas comemorativas, (casamentos e aniversário de criança).
Os sonhos no texto são classificados em dois aspectos, em favoráveis e desfavoráveis. Outro ponto chave para finalizar o livro diz respeito às ”Crendices” relativas aos santos, por se acreditar que esta imagem adquire poderes, ‘‘forças’’ mágicas. Há também atribuição de poderes específicos a determinados santos.
Como vimos acima, existem diversas formas de crer, sendo assim as crendices e as superstições. O capítulo da tese “Para Compreender o mundo” do anexo 5 diz respeito ao grupo social, donde vemos de início que a sociedade, em suas diversas formas, é formada por grupos (camadas), os quais entre eles tende um interesse comum. O texto acima cita essas formas de crenças na sociedade ‘paulistana’. Vimos que ninguém está restrito a tal adepto, mas as pessoas mais simples, ou seja, as de regiões camponesas, estão mais vulneráveis a tais influências.
Já disse Olmsted que “o grupo é visto de fora, como uma célula do organismo social, sendo assim parte integrante da cultura sociedade”, por mais que não sejam bem vistas nas regiões metropolitanas, elas fazem parte de ‘alguns poucos’, mesmo que sejam interioranas.

Foi visto em sala de aula que “o grupo tem uma duração até o seu fim comum”, o que isso quer dizer? No contexto folclórico, isso se encaixaria bem nas ‘teofanias populares’, o povo mesmo com os seus sofreres, mantém viva a sua crença, mesmo que essa esteja enfraquecida. Os preconceitos enfrentados hoje podem servir como exemplo para o grande número de diminuição desses atos, sendo eles dois os fatores propícios: o preconceito e a secularização. Podemos assim citar algumas dessas características: uma posição popular, eles seguem normas e possuem entre si relações recíprocas.

Nigrofobia e nigrofilia


Denisson dos Santos*
A síntese que hei de produzir tem como base a dissertação de mestrado do professor, que tem como tema “Negrofobia e Negrofilia no Brasil“, onde irá acenar a validade e a relatividade da teoria da democracia social e racial fazendo assim valer a temática. O tema também vem dizer como se deu esse processo de integração do negro em terras brasileiras (e também como se deu a sua socialização com os nativos), onde o afrodescendente tinha a sua dignidade humana defasada por causa do preconceito dos Lusitanos que se impregna aos nativos, preconceito esse pelo qual os negros tinham somente direito a servir aos seus senhores, ou seja, não tinham direito a opinião no que se referia a seu respeito e em demais assuntos, sendo assim ele tinham uma trilogia na relação enquanto processo de integração, onde as obras freyrianas vai apresentar uma melhor explicação da relatividade de sua teoria da democracia racial, essas trilogia citada dizia respeito entre a “Casa Grande &Senzala”, “Sobrados e Mucambos”, e Ordem e Progresso”, mas existe outra vertente que diz respeito ao tempo, tempo este, que irá demonstrar a relação do negro ao longo da histária do Brasil.
No Capitulo I, vai tratar da relação do negro no mundo do português e no mundo que o português criou que dirá das terras brasileiras onde era ‘um mundo’ chamado a explorar e a dar-se a conhecer, também o autor retratara sobre quais eram a relação entre o português e o nativo ele cita primeiramente sobre a situação histórica da época, onde o mundo lusitano, ou seja, português já era culturalmente miscigenado na questão religiosa e logo após étnica, dai se dá razão a expansão portuguesa que foi diferentemente da colonização feita por outros povos europeus. Depois o autor cita uma obra literária de Gilberto Freyre, onde ele desenvolve um argumento sobre “O mundo que o português criou”. Ele dirá que no Brasil havia dois tipos de colonizadores, que eram os que se agrupavam num núcleo familiar, ou seja, os que só queriam morar, e os degredados que eram os exilados nas terras brasileiras por causa do respeito ao império português.
Dá-se dai a razão da geração do povo brasileiro, causa primeira a relação das índias com aqueles portugueses que ali estavam exilados cumprindo ordens do imperador, império esse que também dirá respeito a força-trabalho nativa, que os portugueses além apossarem-se das terras brasileiras eles também digamos que ‘escravizaram’ os residentes, onde em primeiro instante os nativos deram conta do trabalho servil justamente por conhecer o espaço habitado. Freyre dirá que o grande exterminador dos índios foi o açúcar, onde os índios não eram aptos do serviço sedentário da lavoura da cana-de-açúcar.
Outro ponto importante é a indiofilía que era aderência da índia para com os portugueses, onde ela desejava ter filhos para que eles pertencessem da raça superior, então esse fato faz com que fossem abertas estradas para a importação de africanos, essa transição deu-se também pela diminuição do contingente nativo, que foi a justa falta de índios machos, onde cansados dos trabalhos fugiam para a mata deixando a casa e a família, sendo assim se deu uma aumento quantitativo na mortalidade infantil.
Continuando, o autor trata da relação dos portugueses com os escravos africanos, ou seja, a quais fins explicaria a vinda dos negros para o Brasil, como vimos a cima não havia traços afetivos nem muito menos espirito de caridade nos portugueses, a vinda dos negros fora justamente para fins econômicos, por exemplo a cana-de-açúcar, café, pau-brasil entre outros, já que os nativos os tenham abandonado.
Ainda na terceira parte do primeiro capitulo, fora desenvolvido o texto que diz respeito a relação entre os portugueses e os “outros” europeus.
O capitulo II, para expor os fatos históricos da historia do Brasil, onde frisa bem a relação do negro escravo na sociedade patriarcal rural e semi-rural brasileira, como for dito anteriormente relações não se era comum no contexto o qual estamos, mas ao passar do anos os negros passa a ter algo fora do padrão, ou seja, senhores possuía escravas teria sexo com as mesmas já que elas existia nesse momento como objeto do senhor do engenho.
A parte histórica brasileira que relata a ‘construção’ do brasil que temos hoje, tenta ser apagado, mas se deu com a   árdua jornada de trabalhos dos portugueses para com os negros, sendo assim a escravidão serviu como suporte para a colonização do Brasil.
O escravo negro na vida sexual e da família do brasileiro
O negro escravo de rua e o ganho na vida do brasileiro, aqui fica explicito que nos parece até estanho, pois anteriormente os escravos eram somente para os trabalhos na lavoura e os serviços domésticos, mas chegou certo ponto, que os senhores do engenho passavam a deixar os escravos trabalhar fora da fazenda, mas se tratava um trabalho externo com segundas intenções, onde o escravo trabalha para que os recursos econômicos obtidos deveriam ser divididos com o senhor livre.
Chega a tal ponto na historicidade brasileira que o uso do escravo nas fazendas não parecia, mas tão necessária, com isso deu-se o declínio do sistema escravocrata no país. Daqui a diante o autor do trabalho acadêmico desenvolve sobre a relação dos escravos na sociedade até então ‘estranha’, ou seja, antes de tal acontecimento eles viviam de certa forma restrita. A assunção do negro como homem livre se deu logo após a chamada assunção do negro como homem livre, assim eles tornaram-se livres em todos os aspectos formando assim uma geração de mestiços, ou seja, a mistura de negros com os de outras etnias, tornando um país de todos os povos, raças, culturas, religiões etc.

Outro ponto de extrema importância é a negrofobia e negrofilia no Brasil miscigenado, ou seja, o processo dado à socialização do negro liberto na sociedade brasileira, esse processo não fora tão fácil como pensamos, pois a maioria da sociedade da época era formada a por europeus e mestiços, no entanto a aceitação do negro fora um pouco dificultoso, pois não se era muito comum conviver com o negro e a sua prole. 

Insurgências e ressurgências atuais”: uma perspectiva sociológica


João Kennedy de Sá Passos*

O escritor Gilberto Freyre, em seu livro “Insurgências e ressurgências atuais”, vaticina na introdução um começo discreto de ressurgências culturais não ocidentais antieuropeias que tocam uma cultura “transnacional” titulada de “eurotropical”. Para ele, essas culturas que sofreram com o imperialismo europeu retomam as suas histórias particulares e ressurgem com novos aspectos que causam espanto por exporem os contrários entre grupos, mas que também podem significar importantes ocasiões de cooperações entre elas. Uma referência importante sobre o tema é o livro “Aventura e rotina”, que numa nova edição desperta a “imaginação sociológica” que é atualizada com o livro “Insurgências e ressurgências atuais”. É possível observar esses processos na resposta islâmica ao primado cultural ocidental. A não aceitação da soberania do outro sobre si desperta um julgamento a favor ou contra as ressurgências, ao passo que uns as entendem como “tendências ou revoltas” e outros como “inquietações, revisões”.
Sociológica e antropologicamente, analistas reconhecem as problemáticas nacionais (etnocêntricas) que movem a motivação “não-racional” das culturas que não são ocidentais e são ressurgentes. A falta de espaço para troca de valores éticos, por exemplo, pela dominação, passa a não existir mais e assim surge uma oportunidade para as culturas que estavam sob o imperialismo ocidental de terceiras culturas se mostrarem autênticas. Retomando o islamismo, assinala o autor, o perigo das polarizações etnocêntricas que podem acabar se tornando explosivamente violentas, e segue tomando como referências pré-ressurgentes os movimentos brasileiros em Canudos (BA) e o dos Muckers (RS), ou ainda as missões jesuítas pelas Américas. A força que é impressa sobre as culturas não européias é imposta de modo diverso: “em certos casos” observa-se ou a ação “cristianizante” (no sentido sociológico) ou até mesmo “confraternizante”, resultando numa mistura cultural. Desse modo fica compreensível a iniciativa e o conteúdo moral, ético e religioso das culturas ressurgentes, como revanche a racionalismos e apatias míticas e místicas.
A colonização é rejeitada, partindo desse ponto de vista, porque segrega as culturas e etnias que se relacionam num mesmo lugar, para alimentar o entendimento ético superior que as culturas ocidentais têm de si mesmas e essas ostentam, paradoxalmente, o adjetivo “racionalistas”. Nos contatos entre europeu, não europeu e não cristão, percebe-se também uma relativização que começa no âmbito religioso e escapa para outros campos das relações que antropologicamente se definem como “respeito”, tornando os valores “transculturais”. Todo esse processo cria, segundo Gilberto Freyre, uma nova forma de conceito sobre o que é racional ou irracional, ratificando as reflexões de Durkheim. O autor ainda apresenta “restrições sócio-culturais” tanto quanto restrições “psicossociais” que variam em relação aos fatores funcionais e econômicos na sociedade. Foi das ressurgências culturais (sutis) na parte oriental do planeta e no continente africano, descritas no livro “Aventura e rotina”, que surge para o livro o nome “Insurgências e ressurgências atuais”, e assim retrata-se uma nova observação desses fenômenos intuitivos e valorativos que pretende buscar fazer uma aproximação comparativa com os mesmos processos no Brasil. Neste ponto, claramente o autor destaca as revoltas ressurgentes não ocidentais da década de 50 contrárias aos moldes de civilização ocidental, que se firmam através de exploração econômica, consolidando, portanto, imperialismos etnocêntricos. É dessa forma que a ressurgência cultural é incitada por um espírito anti-capitalista e não por um espírito comunista, a titulo de exemplo. Esse fenômeno é fruto de um embate entre a racional e a irracional análise dos comportamentos e interação entre os povos, e acaba gerando choques entre os entendimentos e métodos que circundam todo o problema, ou seja, a admissão de quem entre dominado e dominador é racional ou irracional. Para Gilberto Freyre, ainda assim, entre a confusão do racional e do irracional, há um tipo de cooperação que admite o saber do outro como saber aproveitável, haja vista que aconteceu nos exemplos de insurgências citados no livro, como entre a ciência médica ocidental e o saber médico oriental, ou entre o cristianismo e a criatividade africana que o enriquece. Desde modo, apoiado sobre pensadores como Jean Puillon, se propõe uma pluralidade de métodos onde seja possível se observar um comportamento ocidental, científico e filosófico, esforçado na compreensão de orientações não ocidentais.
Os portugueses, que sempre penetraram em culturas não ocidentais, são vencidos, por assim dizer, pelo método paternal islâmico, que admitia uma mistura entre as raças, desde que a prole herde do pai a cultura islâmica, fazendo assim aumentar o numero de muçulmanos    , enquanto que os portugueses ao não se misturarem (por se considerarem seres superiores), são ultrapassados pelo islamismo, não se configurando como insurgência política, mas justamente como uma ressurgência cultural. Esta, não ocidental, comporta-se como opositora aos métodos culturais do ocidente e busca, profundamente, uma autonomia nacional além da política, mas também histórica e até mesmo folclórica, sugere o citado jornalista Severino Bezerra Cabral Filho. Essa querida liberdade está em função da não aceitação dos moldes racionais, tecnológicos, impostos pelas superpotências. Por isso essa ressurgência árabe é mais “sócio-cultural” e “psicoculturais” do que racial. Também nascem ressurgências das culturas ocidentais, como aconteceu no meio eclesiástico, animada pelo então papa João Paulo II, que equilibradamente resgata o caráter místico que havia sido perdido por causa do racionalismo teológico e do ocidentalismo. Ergue-se pelas ressurgências um vigor para se pesar os parâmetros sociais, através de “reavaliações”, “reinterpretações” nos campos do saber e se põe sob prova a hegemonia da racionalidade ocidental, salientando então a conquista do poder real e não de uma única religião. Funcionalmente as ressurgências também observam o agir indiscriminado do povo.
Para Gilberto Freyre, a ressurgência católica, que já fora acima citada, é uma das provas mais palpáveis das atuais, quando retomando sua natureza mística comunica novo empenho na promoção da fé cristã que exerce e cria tanto no oriente como no ocidente um papel religioso capaz de, inferindo na cultura valores caros ao cristianismo, organizar a vida social do individuo. Ainda são apontadas as ressurgências socialistas e do neoconservadorismo. Conscientemente de modo sugestivo, o autor do livro, apresenta cruzamentos entre as ressurgências e as insurgências que são animadas pelo homem que busca na história a liberdade que proporcione autonomia do povo, do seu estado e sua cultura, garantindo um exercício pleno, coerente, do pensamento que é fundamentado em bases e propagado por veículos distintos no ocidente e no oriente. Isso é resultado de um sentimento de pertença que, embora seja abalado durante os modos de opressão imperialista, não morre, e quando é alimentada pelo acesso à consciência do poder, faz-se como motor gerador das motivações suficientes para uma saída da inércia que estagna a identidade cultural de um povo.
Tendo compreendido o produto da reflexão de Gilberto Freyre em “As insurgências e ressurgências atuais”, pode-se caracterizá-lo como um processo social. E antes de definir a natureza desse processo, deve-se entender que há uma série de processos numa relação de causa e consequência.
O primeiro é o domínio, ele representa um modo de interação onde há na relação determinações que pretendem não eliminar, mas guiar a existência do outro. Deste modo não existe espaço nas relações para a autonomia que garante ao individuo o exercício pleno de sua cultura, por exemplo. Neste caso, sempre há uma orientação sobre o que ser, o que fazer, como se posicionar, o que consumir, sobretudo em quem acreditar e também há forte repressão que condena quando tais indicações não são observadas. Muito embora haja, por vezes, boa convivência entre dominado e dominador convém observar que isso se dá em função de uma busca de objetivos comuns, ou seja, o dominado convive em harmonia, cooperando com seu dominador para que se possa ao menos sobreviver. Todavia, isso não significa dizer que exista uma aceitação interior dessa situação. No livro de Gilberto Freyre, esse domínio é apresentado na Introdução do autor, que toma como referência o patriarcalismo imperialista ocidental em cruzamento com o não-ocidente. Com o subtítulo do seu livro, “Cruzamentos de sins e nãos num mundo em transição”, subtende-se uma resposta resistente atual aos padrões e imposições da cultura ocidental no oriente.
Os processos sociais na sociedade retomam e criam situações impulsionados “por interesses, imagens, expectativas e previsões” e evoluem em tempo alternativo, podendo ser “lento e quase imperceptível” ou “rápido e revolucionário”, e considerando como ponto de partida a visão de Gilberto, os apontamentos de Sociologia nomeiam esse processo de insurgência e ressurgência de disjuntivo, ao passo que possuem vários estágios de conflitos que agravam as desigualdades entre os indivíduos.  Surgem conflitos de cultura, de expectativas religiosas, e, num exemplo comparativo prático citado por Gilberto Freyre, surge o conflito entre o que é racional e o que é irracional. Esse exemplo é parte da problemática nas insurgências islâmicas analisadas por Gilberto. Segundo ele há uma espécie de desejo de autonomia islâmica que não é possível por conta da influência ocidental no espaço, gerando conflitos anti-europeus que, por vezes, se manifestam graves e dramáticos. O conflito (insurgência) é o segundo processo social.
Os conflitos manifestam-se nessas revanches e reerguimentos culturais de modo aberto, vertical e horizontal, global, internacional, interno e revolucionário. Pretende reorientar a vida de um modo geral, mostrando-se assim revolucionário. É vertical quando resiste ao dominador de uma classe diferente, mas pode ser horizontal quando a resistência é inter-individual. Está difundido de modo global quando se luta contra aquilo que regulamenta a vida coletiva, revela-se internacional porque envolve mais de dois estados, por exemplo. E é interno posto que também se questionam as conjunturas estatais internas.
Através de exemplo atual e perceptível das insurgências e ressurgências islâmicas, as teorias sociológicas se tornam observáveis. O povo islâmico possui história, língua, religião, costumes, economia e cultura singulares, e, diga-se de passagem, consideradas sagradas. Essa cultura não ocidental torna-se dominada nas colonizações pela cultura ocidental, cujas essências são bem distintas, na África e no Oriente. Vale a ressalva de que o fato de existir uma cultura dominadora, nesse caso, não significa dizer haja um aniquilamento da cultura dominada, porém sem sombras de dúvidas não há um exercício cultural livre, autônomo, autentico. A cultura dominada torna-se periférica e vinculada a algo que não é racionalmente paralelo ao dominador. O povo dominado é considerado, em algum prisma, inferior. Isso é perigoso.
Por mais que as gerações passem sendo dominadas, a identidade cultural de um povo permanece viva, esperando a oportunidade de voltar a se manifestar e enquanto essa oportunidade não surge a cultura dominada vai se enriquecendo com a cultura dominadora sem perder a sua própria essência e até mesmo vão criando laços de concorrência e de cooperação. Esse terceiro processo é citado por Gilberto Freyre com o mesmo ideal que é apontado pela sociologia: dá-se em função da obtenção de um objetivo de comum interesse. E assim a contribuição entre a ciência medica ocidental e o saber médico oriental é chamada de “cooperação concorrente”.
Certamente, mesmo havendo um número de conformados ao domínio, existirá um número com força resistente, sempre pronto para uma reação, para uma revolta, um grupo insurgente. Quando o povo decide por resgatar sua liberdade, que segundo Gilberto Freyre é muito maior que liberdade política, os conflitos são inevitáveis. E, no caso islâmico, os cruzamentos são por vezes sangrentos.
A ressurgência cultural de um povo representa uma tentativa de adesão àquilo que se é por natureza, representa a resistência social e psicológica, não sendo em primeiro lugar uma resistência conflituosa entre raças. Por isso, no livro também são apresentadas formas de ressurgências na China em resposta ao marxismo ocidentalizado, ou uma ressurgência da medicina não ocidentalizada e com destaque uma ressurgência eclesiástica. Esta ressurgência da fé católica que retoma o caráter místico que lhe é própria e havia sido dominado, suprimido por um racionalismo (ocidental) que fora purificado pelo papa João Paulo II.
Quando as insurgências atuais tiverem se completado, elas terão passado pelo terceiro processo social importante, a sucessão, ressurgência. Segundo a Sociologia, a sucessão ocorre com certa frequência  e representa a substituição de indivíduos ou de grupos sociais, de modo que sejam substituídas as características  essências e de valores dominantes.
Finalmente conclui-se que, muito embora haja uma relação de dominação de uma cultura sobre outra, existem também mecanismos pelos quais os dominados são impulsionados para a resistente insurgência e ressurgência. Esses dois vocábulos nomeiam o que representa o direito que a pluralidade cultural tem de manter-se diversa e autenticamente ligada ao povo cuja origem, existência e perpetuação pertencem. Gilberto Freyre foi capaz de perceber nas transações sociológicas atuais os elementos filosóficos que norteiam a ação do homem que gera processos sociais. Esses processos permitem a mobilidade cíclica da sociedade que através da interação entre os indivíduos mutuamente interdependentes vai se tornando virtuosa, garantindo nas relações primarias ou secundarias o acesso a participação livre e comprometida com a autenticidade particular. Por uma comparação entre o texto de Gilberto Freyre e o Apontamento de Sociologia, é possível entender que os estratagemas colonialistas mesmo estando revestidos do ocidentalismo são passíveis de dominação. Para tanto exige-se uma consciência cultural capaz de mover o individuo ao ponto de fazê-lo resistir e lutar, resinificando sua história própria.
Por essa comparação intertextual, é possível compreender sociologicamente a percepção de Gilberto Freyre em sua obra e também observar a aplicação prática das teorias sociológicas. E em suma, sugere-se, por essa análise comparativa, a presença de uma leitura científica dos processos sociais que movem as insurgências e ressurgências sociais contemporâneas a Gilberto Freyre.

Referência
DIONIZIO, Claudio. La Relación Social. In:______. Para compender el mundo: Apuntes de Sociología. Tradução nossa. [S. I: s. n.], 2016. p. 19-23.

FREYRE, Gilberto. Introdução do autor. In:______. Insurgências e ressurgências atuais: Cruzamentos de sins e nãos num mundo em transição. Rio de Janeiro: Globo, 1983. p. 15-51.

Dom Távora, o bispo dos pobres: resenha de uma obra já clássica

Jefferson dos Santos Fontes*

“Esta minha posição firme, de guarda e pregador do Evangelho, não me dá direito de permanecer omisso diante de injustiças sociais, assim como não admito o ódio entre os homens e as classes. Acho que, entre os maiores bens que devemos defender, estão a liberdade e a pessoa humana, e devemos fazê-lo não por palavras, mas sim buscando condições para que possam afirmar-se numa sociedade organizada e justa.” (Dom Távora)
Começo minha síntese citando uma fala de Dom José Vicente Távora, encontrada no capítulo “Dom Távora e a noite escura” do livro. Desta citação vemos o quanto ele foi um justo defensor da causa social no nosso estado. Tudo acontece no período do início do período da ditadura militar aqui em Sergipe.
Falando da função das instituições com relação ao indivíduo, vemos que as mesmas simplificam o comportamento social. Formas de pensamento e de comportamento positivamente sancionados do grupo, existem como já regulamentados e realizado antes que o indivíduo se tornar um membro. As instituições nas quais se introduz através da socialização se formam os esquemas de comportamento que são necessários. Neste caso, vemos a forma de sociedade que os militares queriam que fosse implantada no povo brasileiro. Os pensamentos que eles queriam que o povo seguisse, ou seja, não ter República com o militarismo assumindo o poder. Outra coisa notável foi o comportamento das pessoas que tiveram que aceitar tudo o que era imposto a elas sem poderem questionar os militares. Quando as instituições oferecem ao indivíduo esquemas já predefinidos de relações sociais e de papéis é isso: eles davam um modelo de governo pronto pra sociedade seguir e as pessoas que não seguissem eram perseguidas, torturadas e presas. As instituições representam a defesa jurídica do indivíduo. Quando Dom Távora movimenta a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que era contra o comunismo e o governo. Esta em São Paulo reuniu mais de 350 mil pessoas e foi se alastrando por todo o Brasil. Em Sergipe, foram realizadas as “Marchas” na capital e em algumas cidades como Barra dos Coqueiros, Propriá, Itabaiana, entre outras. Instituições no caso, a Igreja que movimenta o povo a participar da marcha para defender todo o país contra o governo da ditadura militar.
Com relação da função das instituições em respeito à cultura temos as instituições que operam como fatores de coordenação e de estabilidade. Aqui pode-se relacionar quando no dia 27 de setembro de 1966, Dom Távora recebeu o título de Cidadão Sergipano e para enganar o episcopado brasileiro e o povo em geral, os militares rasgaram elogios para com ele. Isso foi feito para manter certo controle da situação, tentando disfarçar o que realmente estava acontecendo: as celebrações, reuniões, trabalhos, tudo o que Dom Távora estivesse envolvido passou a ser vigiado, fotografado e gravado; sua homilia passou a ser monitorada; sua casa observada, o que realmente era torturante para Dom Távora passar por tudo isso. Mas tinha que se manter a estabilidade e ao menos demonstrar para a sociedade que as coisas estavam bem entre a Igreja e o regime militar. E também instituições submetem o comportamento do indivíduo a um constante controle social, as vezes para individuar e para sancionar diversamente os comportamentos permitidos e os comportamentos proibidos. Colocando como instituição o regime militar, vemos que eles realmente faziam isso, por exemplo, com Dom Távora, onde que para ele o que lhe era permitido passou a ser proibido: não poder falar nada nem ter acesso à mídia, sem sair de casa, por falar pouco e limitadamente ao telefone (supostamente grampeado). A maioria dos seus amigos disseram que Dom Távora sofreu uma prisão domiciliar de aproximadamente trinta dias, o próprio nunca comentou nada sobre o assunto publicamente, porém era perceptível pelo modo como ele agia.
Falando da função das instituições com relação aos grupos, as instituições podem exaltar o consenso e a coesão. Isso era o que os militares queriam manter com a Igreja, vendo que a maioria dos bispos do país eram contra o comunismo e a favor do poder militar, pois se entendia como uma maneira do comunismo não se alastrar. Com o passar dos anos foi-se percebendo que os abusos políticos, as perseguições e as injustiças para com o povo estava crescendo muito e a Igreja precisou unir forças para defendê-lo. A mudança de posição de alguns bispos foi acontecendo aos poucos com o aparecimento das denúncias. No meio protestante, a cultura anticomunista também era muito forte. Finalmente, as instituições podem ter uma essencial função para canalizar o conflito. Mesmo com toda essa cena acontecendo no País, era dever da Igreja manter a paz e a harmonia na sociedade, esforçando-se ao máximo para ajudá-la. Dom Távora era um exemplo de pessoa que ajudava e se preocupava com o povo:
“A sensibilidade de pastor lhe feria o coração e lhe dava motivos para estar junto ao rebanho perseguido, mesmo sentindo enfraquecer suas próprias forças”; sendo assim chamado de “Bispo dos Operários”.
Pe. Rezende diz que
“Dom Távora foi esse homem que caminhou de fronte erguida como bispo da Igreja, e não como bispo dependendo das forças militares. Por isso, sofreu bastante, devido à saúde estar afetada por causa do diabetes e às contrariedades que teve de enfrentar nos momentos mais difíceis da ditadura”.
Pe. Rezende percebeu que Dom Távora não estava mais aguentando a pressão em seu próprio corpo. Experimentava sua noite escura. Todo dia 31 de março ele era obrigado a celebrar uma missa em Ação de Graças pela “gloriosa revolução”. Era muito triste vê-lo constrangido e doente celebrar deste jeito.
“Era um pastor que se preocupara com o futuro [...], mobilizava os estudiosos, promovia reuniões e fazia a Igreja presente nesse movimento em prol do desenvolvimento em Sergipe”.

“Resistiu até a hora final, a da morte, violentado na sua dignidade, sem forças suficientes e, com o coração dilacerado por tantas dores, não teve mais sossego...”. 

Etnocentrismo em Questão


José Valdo Barbosa Júnior*

Em nossa sociedade, sempre nos deparamos com situações e ações que, para “os padrões coerentes” são visto como anormais. Porque estamos sempre utilizando o nosso etnocentrismo, muitas vezes de forma despercebida. Para melhor compreensão vamos observar o significado do termo.  É formado pela composição das palavras de origem grega "ethnos", que significa "nação ou tribo", e centrismo, que indica o centro, ou seja, coloca nossos costumes como centro de tudo.
Ainda devemos observar dentro dos nossos lares como é muito comum os filhos receberem dos pais uma educação de conceitos sobre temas e segui-los fielmente. Na formação familiar, recebemos dos tutores definições que em sociedades mais conservadoras são princípios extremamente importantes. Um exemplo de fácil assimilação é o caso do homossexual na família guiada pelo machismo, em que a família o vê não só como aquilo que saiu do modelo de vida deles, mas sim quando como irregularidade (usando um eufemismo). Quando aparece uma jovem grávida, os mais velhos logo dizem aquelas frases do tipo “se fosse no meu tempo isso não existia” ou “ela não tem nem pai nem mãe”, colocando neste caso sua cultura de criação e seus valores como referencial. Um outro exemplo a ser compreendido, no caso de nosso Brasil, é a questão entre as regiões do Sul e Sudeste com a região Nordeste, em que este último sofre preconceito por não ter a “cultura do refletir” como foi afirmado nas últimas eleições. Contudo, devemos sempre observar as culturas dos povos e valorizá-las além disso evitar impor a nossa sobre eles.

Caracteres rurais e urbanos na formação e desenvolvimento de São Paulo


Micael Max de Jesus Santos*
O texto quando foi escrito tinha a preocupação de oferecer um conhecimento empírico da cidade de São Paulo, cidade esta que comporta um dos maiores aglomerados do planeta, e que desde sua origem já possuía pontos de contatos com outras aglomerações urbanas brasileira; o fato de haver naquela época poucos estudos sobre esta atual metrópole, fez com que o autor busca-se entender qual seria a importância dos pontos de contatos para a sociologia. Pelo fato do crescimento desta cidade ter sido tumultuoso, tornava-se impossível estuda-la sem compreender a sua origem e a sua evolução estrutural. Todavia o campo de estudo tornou-se para o pesquisador muito extenso, por este motivo os estudos permaneceram no campo dos esboços e sugestões, contrariando a vontade do autor do estudo, que era a de analisar todos os dados empíricos.
São Paulo surgiu como povoação em 1554 século XVI a partir de um colégio de jesuítas; com o passar do tempo e o aumento dos habitantes (1500 a 2000 brancos, negros e mestiços), passou a ser chamada de vila; pelo fato de sua atividade econômica serem basicamente agrícola fez com que a vida associativa dos moradores tomassem formas diferentes dos costumes europeus. Os habitantes aqui do Brasil, principalmente os que estavam situados em São Paulo, enfrentavam dificuldades como: longas distancias entre os povoamentos, constantes ataques de índios, além da dificuldade de obter terras pois estas só podiam ser obtidas por doação do donatário ou da Câmara que era o órgão responsável pelas questões de interesse coletivo tal qual criação de igrejas, liberações para viagens do vigário local, fornecimento de alimentos, capturas de índios etc., aqui é importante salientar que está câmara era composta pelos homens considerados bons que tinham a obrigação de comparecer às reuniões ordinárias. O constante perigo que as pessoas sentiam fazia crescer entre eles uma força de solidariedade, que os impelia a protegerem uns aos outros, contudo por volta de 1592 surgiu a tendência de fixar morada no campo, pois lá era mais fácil agrupar os escravos para defender-se dos ataques dos nativos.
A vila, como os jesuítas definiram a jovem São Paulo, tornou-se um apêndice do campo, e existia apenas por conta dos pequenos comércios de alfaiates, tecelões, carpinteiros, ferreiros, sapateiros e de alguns moradores que possuíam residências na Villa e no campo; apesar disso os que não residiam mais nela tinham deveres instituídos pela câmara como participar das procissões anuais: Corpus Christi, visitação de Nossa Senhora e do Anjo da Guarda; além da responsabilidade pela manutenção da ruas e muros, tornaram-se assim incentivos para as pessoas recorrerem a Villa. Havia as posições sócias onde os “lavradores procuravam classificar-se como nobreza agraria, e as outras distinções estatamentais com fundamento nobiliário, sacerdotal, burocrático ou artesanal” (FERNANDES, 1979, p. 198), já no contexto dos escravos, existiam os forros, escravos livres. Segundo um recenciamento do ano de 1950 a população paulista constava de 2 198 096 habitantes, tal número indica que a Vila tornou-se uma cidade grande, constituída de redes de comunicações, transportes, grandes industrias, áreas urbanas e meios modernos de educação; contudo surgiu também desorganização social serviços públicos precários, dificuldade no abastecimento do mercado, as relações de solidariedade foram dando lugar as relações funcionais; assim é importante citar que o progresso não favorece a todos de forma igual, o trabalhador assalariado sempre sofre por conta da desigualdade, e muitos deste trabalhadores foram atraídos das zonas rurais para zona urbana pelas promessa de melhores condições de vida, mas tarde foi a vez das pessoas vindas de diversas partes do Brasil, principalmente nordestinos para busca melhores de condições de vida nesta cidade que entrará em constante ritmo de crescimento, acontecendo o inverso do que ocorreu no século XVI, o campo foi com o passar dos anos despovoado, pois o trabalho rural passou a ser  realizado pelas maquinas agrícolas. Contudo pela sociedade ser dividida em classes, as pessoas podem acender ou descender conforme o seu grau de instrução, renda entre outros fatores, mostrando assim que as posições são meritocráticas, através dos próprios esforços todos podem mudar de posição social. Os grupos que formam uma sociedade não estão somente ligados a fatores econômicos, mas também por laços afetivos como é o caso da família onde os componentes exercem solidariedade orgânica, já os grupos em que predomina-se a solidariedade mecânica, os agentes são interligados por interesse comuns como é o caso dos grupos políticos, e por fim os grupos religiosos em que os integrante possui comportamentos parecidos e buscam relacionar-se com o sobrenatural; para a sociologia um grupo deve ser identificado pela suas características peculiares, pela sua estrutura, pelas formas de comportamento que o rege, os valores e pela sua continuidade, não possuindo essas características pode ser caracterizado como aglomerado. Consuma vemos que desde oinícioas atividades importantes que eram desenvolvidas em São Paulo estavam ligadas ao campo, e a vila servia apenas como sede político-administrativa e religioso, com o passar do tempo ganhou o título de cidade (1711) por conta da sua grande população; e daí em diante o crescimento desta cidade foi tão acelerado que esta tornou-se uma metrópole, que abriga uma das aglomerações mais cosmopolitas da América Latina e é avaliada como uma das cidades que mais cresce no mundo, formando assim o maior centro industrial da América Latina;  atualmente todas as capitais brasileiras necessitam de forma direta ou indireta dela. Todos esses dados mostram as características estruturais da cidade de São Paulo, e demonstram que os fatores que impulsionaram sua evolução são de caráter político-administrativo e econômico.
Se este estudo tivesse enfoque no comportamento do homem na sociedade, veríamos que existe uma certa uniformidade na forma de pensar, agir e sentir, ou seja fatores exteriores passam a compor a personalidade dos indivíduos de uma determinada sociedade; e é justamente essa uniformidade que serve como modelo para aqueles que desejam inserir-se nela, é o que vemos descrito ao longo do texto a cima, algumas pessoas passaram a morar no campo logo a maioria passou a fazer o mesmo, surgi aqui o que podemos chamar de modelos sociais, as pessoas só serão aceita se assimilarem as manifestações culturais, religiosa, costumes e práticas desta sociedade. Todos os componentes de uma determinada sociedade possuem de certa forma o que se chama de papel social constituído pelos seus direitos e deveres, que diferem-se pela posição hierárquica social, podendo acontecer que um grupo imponha a sua vontade a outro grupo, e interessante ressaltar que Max Weber chamou esse acontecimento de poder, significando justamente toda possibilidade de impor a própria vontade numa relação social, mesmo contra resistências, e para isso muitas das vezes os grupos s valem de armas brancas o de fogo, recordo os índios nativos e as pessoas vindas de fora do Brasil. As autoridades paulistas eram naquela época de caráter religioso ou burocrático. As relações sociais desde a época em que São Paulo estava surgindo e até hoje se dá de maneira que as pessoas que possuem bens e formam a elite só se relacionam com que está em seu patamar social enquanto a massa relaciona-se entre si. Como a população da cidade de São Paulo cresceu de uma forma explosiva, e foi deixando para trás as características coloniais; observamos que nos conglomerados residenciais as pessoas tornam-se anônimas, pois não há mais tanto contato entre elas; tudo passa a ser movido por interesses econômicos, instrumentais; pelo fato destas estarem sempre precisando uma das outras para algo, criam-se associações movidas, que nada mais é que um grupo de indivíduos unidos por causa de interesses em comuns.
Finalizo esse escrito muito satisfeito por poder compreender o caminho evolutivo da cidade de São Paulo, desde o seu surgimento com os jesuítas até os dias atuais. No qual a vila e os trabalhos rurais deram lugar a uma sociedade muito complexa, cheia de industrias, com um transito caótico em horários de pico e com uma grande população miscigenada, na qual possui há brasileiros vindos de todas as regiões, mas também estrangeiros que vem de diversas partes do mundo. Seu papel no cenário econômico brasileiro é tão importante que se torna quase impossível imagina, este nosso grande país sem o estado de São Paulo.
Referência

FERNANDES, Florestan.Caracteres rurais e urbanos na formação e desenvolvimento da cidade de São Paulo. In_____:Mudanças Sociais no Brasil. São Paulo: 3 ed. Difel. 1979, p. 193- 211.

Relação entre a tortura de escravos e heresias na Casa da Torre e a sociedade de Comte


José Valdo Barbosa Júnior*

O escritor Luiz Mott nos relatar em sua obra, Bahia: inquisição & sociedade, no quarto capítulo a crueldade realizada pelo o Mestre de Campo Garcia d’Ávila Pereira de Aragão com os seus escravos. E só tivermos conhecimento deste fato graças aos documentos da inquisição de Lisboa, onde uma testemunha corajosa teve a ousadia de denuncia um dos homens mais ricos do Brasil da segunda metade do século XVIII. Sendo assim o autor tentar por meio deste artigo divulgar essa realidade até então confidencial.
Garcia d´Ávila Pereira de Aragão nasceu em 4 de outubro de 1735, na fazenda de seu avó, casou-se duas vezes, sem deixar descendentes, residiu na Casa da Torre, Casa esta que era como se fosse um castelo sediando um “império” rural, já que os d’Ávila eram donos de quase todo o nordeste, como afirma Borges de Barros, foi a sede do maior latifúndio do mundo. Seu biógrafo Pedro Calmon define o Mestre de Campo assim: “sem nenhuma dúvida, foi o mais rico dos filhos do Brasil, inteligente e arrebatado: o último varão da estirpe dos Garcia d’Ávila”.
Como já foi citado acima o Mestre de Campo, ilustre fazendeiro baiano, homem de vários títulos, maior escravocrata da Bahia durante meados do século XVII, Mas seu culminante defeito estava em ser também o maior carrasco da história do Brasil.
Diante de tais afirmações sobre a crueldade do Mestre de Campo, José Ferreira Vivas, um personagem desconhecido, e possivelmente estava presente quando as heresias e as torturas foram cometidas na Casa da Torre. Denunciar toda essa situação ao tribunal da inquisição de Lisboa, que ficaram registradas 12 folhas manuscritas pelo mesmo. Nesses escritos são tratados as heresias cometidas por Garcia d’Ávila Pereira de Aragão, grande parte delas é em relação as barbaridades por ele feitas com os escravos e as outras são as blasfêmias, sacrilégios e impertinência contra a religião católica realizadas na Casa da Torre.
Algo que devemos observar, que nessa época a Igreja Católica era conivente com a escravidão, mas José Ferreira Vivas denúncia a inquisição que é da Igreja, porque alguns membros e instituições religiosas chamavam à atenção dos senhores para não ter exageros nos castigos, todavia devia aplicar correções aos merecedores da mesma.
Infelizmente essas denúncias foram arquivadas pelo Tribunal do Santo Ofício, por estarem preocupados em resolver outras situações de caráter mais religioso, como perseguir os hereges, os protestantes, os feiticeiros, os sodomitas, os bígamos entre outros. E também o Mestre de campo não seria julgado tão facilmente por possui grande influência sobre política baiana, já ele sendo o homem mais rico de toda América portuguesa, e religioso porque ele tinha o hábito da Ordem de Cristo.
É válido lembrar que a corte de Portugal já tinha dado a possibilidade de haver denúncias de maus-tratos contra os escravos, onde até mesmo os escravos deveriam fazer as acusações. Porém, logo após um curto período, o rei de Portugal voltou atrás de sua ordem, alegando evitar perturbações entre os escravos e seus soberanos. De tal modo a tirania continuava impune.
Luiz Mott afirma que os motivos que o levou a trazer o caso do Mestre de Campo. Foi o desejo de fazer justiça, mesmo tardia, à família dos Garcia d’Ávila, pioneiros na colonização do Brasil, mas também os principais responsáveis pela violência contra escravos e indígenas, numa época em que violência não era atributo dos poderosos, onde a Igreja Católica, os inquisidores ou os ponta-de-lança regionais justificavam e coordenavam as crueldades com a finalidade de manterem-se no poder.
Outro motivo que Mott elenca é o de leva o leitor, a partir dos registro lidos, tirar conclusões próprias sobre os relatos, e notar que trata realmente de um manual de tortura até então arquivado, sugerindo ao leitor fazer uma ligação de como os negros contemporâneos que vivem fatos de descriminação e violência por parte da segurança pública na atualidade, mesmo depois de tanto tempo do fim da escravatura e da declaração dos Direitos Humanos. Ele vai ao encontro do que Auguste Comte afirma, quando ele relaciona o homem antigo torturador da Bahia, com os policiais de agora. Entendemos ai que o homem é idêntico em todas as partes em todos os tempos.
O motivo para Luiz Mott de feito o trabalho foi o de divulgar os documentos que falam da Casa Torre, tendo como objetivo retratar o sentido material da casa, sua forma, utensílios usados, instalações, as personalidades que se a conchegavam dia a dia a esse castelo português na América; revelar as torturas e sacrilégios ocorridos neste local, porque apesar do Tribunal do Santo Ofício poder confiscar bens, leva pessoas para fogueira, açoitar entre outras coisas, as blasfêmias e sacrilégios cometidos na Casa da Torre e por uma boa parte da elite colonial que se dizia cristã, contudo faziam essas ações heréticas.
Diante de tudo colocado por Mott, observamos que ele fala de uma sociedade colonial e suas relações de poder exercidas pelas classes componentes. Assim o autor tenta abranger as torturas e os sacrilégios ocorridos na Bahia, durante o século XVIII, para explicar um período e a história de uma família colonial. Nesta questão, ele utiliza um princípio do todo pelas partes de Auguste Comte, onde fazendo observações do modo de agir de um determinado grupo social, é capaz de fazer afirmações de como são as organizações sociais da época, por meio do método indutivo.
Contudo, compreendemos que é uma sociedade, onde em sua estrutura está presente as desigualdades, o poder religioso está condensado nas riquezas, as famílias poderosas das colônias são responsáveis por toda organização social, os escravos são torturados e castigados sem piedade, e os governo português é convivente com a circunstância. Estas informações gerais é que Luiz Mott que nos transmitir neste texto.
Referência

Mott, Luiz. Bahia: Inquisição e sociedade. Salvador: EDUFBA, 2010. Pág. 65-97.