Jefferson dos Santos Fontes*
“Esta minha posição firme, de guarda e pregador do
Evangelho, não me dá direito de permanecer omisso diante de injustiças sociais,
assim como não admito o ódio entre os homens e as classes. Acho que, entre os
maiores bens que devemos defender, estão a liberdade e a pessoa humana, e
devemos fazê-lo não por palavras, mas sim buscando condições para que possam
afirmar-se numa sociedade organizada e justa.” (Dom Távora)
Começo minha síntese citando uma fala de Dom José Vicente
Távora, encontrada no capítulo “Dom Távora e a noite escura” do livro. Desta
citação vemos o quanto ele foi um justo defensor da causa social no nosso
estado. Tudo acontece no período do início do período da ditadura militar aqui
em Sergipe.
Falando da função das instituições com relação ao indivíduo,
vemos que as mesmas simplificam o comportamento social. Formas de pensamento e
de comportamento positivamente sancionados do grupo, existem como já
regulamentados e realizado antes que o indivíduo se tornar um membro. As
instituições nas quais se introduz através da socialização se formam os
esquemas de comportamento que são necessários. Neste caso, vemos a forma de
sociedade que os militares queriam que fosse implantada no povo brasileiro. Os
pensamentos que eles queriam que o povo seguisse, ou seja, não ter República
com o militarismo assumindo o poder. Outra coisa notável foi o comportamento
das pessoas que tiveram que aceitar tudo o que era imposto a elas sem poderem
questionar os militares. Quando as instituições oferecem ao indivíduo esquemas
já predefinidos de relações sociais e de papéis é isso: eles davam um modelo de
governo pronto pra sociedade seguir e as pessoas que não seguissem eram
perseguidas, torturadas e presas. As instituições representam a defesa jurídica
do indivíduo. Quando Dom Távora movimenta a Marcha da Família com Deus pela
Liberdade, que era contra o comunismo e o governo. Esta em São Paulo reuniu
mais de 350 mil pessoas e foi se alastrando por todo o Brasil. Em Sergipe,
foram realizadas as “Marchas” na capital e em algumas cidades como Barra dos
Coqueiros, Propriá, Itabaiana, entre outras. Instituições no caso, a Igreja que
movimenta o povo a participar da marcha para defender todo o país contra o
governo da ditadura militar.
Com relação da função das instituições em respeito à cultura
temos as instituições que operam como fatores de coordenação e de estabilidade.
Aqui pode-se relacionar quando no dia 27 de setembro de 1966, Dom Távora
recebeu o título de Cidadão Sergipano e para enganar o episcopado brasileiro e
o povo em geral, os militares rasgaram elogios para com ele. Isso foi feito
para manter certo controle da situação, tentando disfarçar o que realmente
estava acontecendo: as celebrações, reuniões, trabalhos, tudo o que Dom Távora
estivesse envolvido passou a ser vigiado, fotografado e gravado; sua homilia
passou a ser monitorada; sua casa observada, o que realmente era torturante
para Dom Távora passar por tudo isso. Mas tinha que se manter a estabilidade e
ao menos demonstrar para a sociedade que as coisas estavam bem entre a Igreja e
o regime militar. E também instituições submetem o comportamento do indivíduo a
um constante controle social, as vezes para individuar e para sancionar
diversamente os comportamentos permitidos e os comportamentos proibidos.
Colocando como instituição o regime militar, vemos que eles realmente faziam
isso, por exemplo, com Dom Távora, onde que para ele o que lhe era permitido
passou a ser proibido: não poder falar nada nem ter acesso à mídia, sem sair de
casa, por falar pouco e limitadamente ao telefone (supostamente grampeado). A
maioria dos seus amigos disseram que Dom Távora sofreu uma prisão domiciliar de
aproximadamente trinta dias, o próprio nunca comentou nada sobre o assunto
publicamente, porém era perceptível pelo modo como ele agia.
Falando da função das instituições com relação aos grupos,
as instituições podem exaltar o consenso e a coesão. Isso era o que os
militares queriam manter com a Igreja, vendo que a maioria dos bispos do país
eram contra o comunismo e a favor do poder militar, pois se entendia como uma
maneira do comunismo não se alastrar. Com o passar dos anos foi-se percebendo
que os abusos políticos, as perseguições e as injustiças para com o povo estava
crescendo muito e a Igreja precisou unir forças para defendê-lo. A mudança de
posição de alguns bispos foi acontecendo aos poucos com o aparecimento das denúncias.
No meio protestante, a cultura anticomunista também era muito forte.
Finalmente, as instituições podem ter uma essencial função para canalizar o
conflito. Mesmo com toda essa cena acontecendo no País, era dever da Igreja
manter a paz e a harmonia na sociedade, esforçando-se ao máximo para ajudá-la.
Dom Távora era um exemplo de pessoa que ajudava e se preocupava com o povo:
“A sensibilidade de pastor lhe feria o coração e lhe dava
motivos para estar junto ao rebanho perseguido, mesmo sentindo enfraquecer suas
próprias forças”; sendo assim chamado de “Bispo dos Operários”.
Pe. Rezende diz que
“Dom Távora foi esse homem que caminhou de fronte erguida
como bispo da Igreja, e não como bispo dependendo das forças militares. Por
isso, sofreu bastante, devido à saúde estar afetada por causa do diabetes e às
contrariedades que teve de enfrentar nos momentos mais difíceis da ditadura”.
Pe. Rezende percebeu que Dom Távora não estava mais
aguentando a pressão em seu próprio corpo. Experimentava sua noite escura. Todo
dia 31 de março ele era obrigado a celebrar uma missa em Ação de Graças pela
“gloriosa revolução”. Era muito triste vê-lo constrangido e doente celebrar
deste jeito.
“Era um pastor que se preocupara com o futuro [...],
mobilizava os estudiosos, promovia reuniões e fazia a Igreja presente nesse
movimento em prol do desenvolvimento em Sergipe”.
“Resistiu até a hora final, a da morte, violentado na sua
dignidade, sem forças suficientes e, com o coração dilacerado por tantas dores,
não teve mais sossego...”.
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