Daniel Santana Ribeiro*
O livro “O velho Felix e suas memórias de um Cavalcanti”, do autor
brasileiro Gilberto Freyre, vem nos contar sobre a história de um patriarca da
família Cavalcanti. O nome dele era Felix Cavalcanti, que viveu em Recife no século XIX, tendo presenciado várias
agitações políticas de sua época, deixando-as quase todas registradas em um
diário. Ele era monarquista, mas não se envolvia nas políticas partidárias
daquela época. Ele não escreveu essas memórias para serem publicadas ou para
fins literários, e sim para assuntos íntimos, observações pessoais, impressões
privadas, cronologias domésticas, reações aos acontecimentos, desassossego e
confusão diante do progresso, da invenção técnica ou do milagre cientifico.
Felix Cavalcanti era um homem simples e não era uma personalidade importante,
nem tão pouco tinha influência na sociedade em que vivia.
Era um Cavalcanti
com muita autencidade e legítimo, que preferia um emprego modesto aos títulos
valiosos da sua ascendência ilustre.
No livro sucedem-se
as grandes cheias, as secas devastadoras, a Revolta Praieira, o triunfo das
causas populares, a eloquência de Joaquim Nabuco, a abolição e a República
entre outros assuntos.
“A Monarquia
continuava como o equilíbrio dos poderes, o respeito da lei e da justiça, o
símbolo das causas e dos direitos humanos. Nela não há tiranos para exercer o
despotismo nem eleições manipuladas com audácia e dinheiro. Porque era uma
utopia, as perspectivas da República o apavoravam, as degenerações e balbúrdias
o deprimiam, os atentados, violências e terrores o petrificavam”. (op. cit. pp.
XXIII).
Os argumentos que
Félix Cavalcanti usava contra a república eram muito fortes.
Nos assentos desse
vago e tímido memorista, há o que aprender, meditar e comparar. E é um tema
muito rico para os estudiosos da ciência social.
O livro traz uma
figura com o nome de Papai-outro, que tantas vezes era citado nas conversas de
famílias e que ele contava bastantes histórias. Fala de um caderno que traz a
história exata de um tal negro que caiu da torre da Igreja do Carmo, que
esmagou as duas mulheres e dias depois foi visto passeando nas ruas de Recife.
Essa história ligada a Papai-outro é a que mais maravilhava. Traz também
algumas notas de nascimentos, casamentos, mortes, formaturas, nomeações,
demissões, embarques e desembarques de gente da familia. O primeiro neto de
Felix Cavalcanti foi Ioôzinho.
Era morrer ou
adoecer uma pessoa da família que Papai-outro mudava de casa. Sempre estava
morrendo pessoas da família de Papai-outro, alguns escravos ou alguém que
estava doente e precisava respirar outros ares. As doenças que mais matavam o
povo era, a bexiga, a tuberculose, a peste bubônica, a febre amarela, a
colerina, que se instalaram nos velhos sobrados de Recife.
É curioso que, no caderno do
velho Felix Cavalcanti, não há nenhuma nota de admiração pela pessoa de Joaquim
Nabuco, o Pais Barreto de Maçangana que, democratizando-se, aristocratizou as
causas populares que defendeu um tanto teatralmente das varandas dos sobrados
do Recife.
Felix Cavalcanti não incorreu na
denúncia do padre, não foi daqueles que “não tendo com a família parentesco, ou
tendo já muito remoto, e nunca até então dando-se por tal começarem a
denominar-se também Cavalcanti. Felix foi entusiasta da administração do seu
ilustre parente Francisco do Rego Barros, mas não da oligarquia Rego de Barros.
Ele se revela sempre contrário aos abusos que eles cometeram durante o governo
político “amante do Progresso de sua Pátria.”
Os críticos dos costumes
pernambucanos na primeira metade do século XIX, quando queriam citar exemplo de
família rica, mas mal-educada era a família Cavalcanti que citavam de
preferência. A edição nos trás, que ainda novo Felix vai para Recife onde
adquiriu uma regular instrução e nisso tomando gosto especial pelo estudo de
Geografia, até o ponto de ter tentado escrever um compêndio sobre essa matéria.
Bem interessante salientar os
argumentos de Felix Cavalcanti a favor da Monarquia e que se conservou fiel até
a morte. Afinal a Monarquia não caiu no Brasil como "o defunto sem
choro" a que se referiu uma vez certo ironista melancólico. Nesta edição
também vem tratar sobre a Lei do Ventre Livre. Era um católico praticante, ia
as missas aos domingos e nas quintas.
O livro "O velho Felix e suas memorias de um
Cavalcanti" vem tratar sobre um senhor com o apelido de
"papai-outro", que procurou dar instrução aos seus filhos e filhas e
prepará-los da melhor maneira para o futuro social, embora dentro das tradições
religiosas da época.
Podemos comparar com a autoridade
e poder. Segundo a Sociologia, poder é a habilidade de impor a sua vontade
sobre os outros, e existem diversos tipos de poder: o poder social, o poder
econômico, o poder militar, o poder político entre outros.
Já a autoridade é a base de
qualquer tipo de organização hierarquizada, sobretudo no sistema político. É
uma espécie de poder continuativo no tempo estabilizado, podendo ser
caracterizado como institucionalizado, ou não, em que os subordinados prestam
uma obediência incondicional, ao indivíduo ou à instituição detentores da
autoridade.
Mas pegando o texto do livro em
questão, podemos associar que Felix Cavalcanti era o patriarca da família e que
exercia na mesma o papel e autoridade e de poder sobre ela e também podemos
verificar que ele era monárquico, mas não se envolvia com as políticas da sua época,
mas era um modelo para a sua família, por causa de seus ensinamentos
familiares.
Ele tinha autoridade sobre sua
família, ensinava as coisas básicas para a sobrevivência social da mesma. Mas
não usava dessa autoridade para ter subordinados para ele e sim só para ajudar.
Felix Cavalcanti, exercendo essa
autoridade na sua família, ajudou bastante para que eles pudessem crescer na
sua vida social. Um exemplo é que vários dos seus filhos, netos e genros
fizeram carreira na Alfândega, onde alguns atingiram postos mais altos da
instituição. Isso mostra que, quando a autoridade é usada com seriedade, ela
gera resultados positivos nas vidas das pessoas.
Nessun commento:
Posta un commento