domenica 23 aprile 2017

Síntese da introdução à primeira edição do livro "O velho Felix e suas "Memórias de um Cavalcante"


Daniel Santana Ribeiro*
O livro “O velho Felix e suas memórias de um Cavalcanti”, do autor brasileiro Gilberto Freyre, vem nos contar sobre a história de um patriarca da família Cavalcanti. O nome dele era Felix Cavalcanti, que viveu em Recife no século XIX, tendo presenciado várias agitações políticas de sua época, deixando-as quase todas registradas em um diário. Ele era monarquista, mas não se envolvia nas políticas partidárias daquela época. Ele não escreveu essas memórias para serem publicadas ou para fins literários, e sim para assuntos íntimos, observações pessoais, impressões privadas, cronologias domésticas, reações aos acontecimentos, desassossego e confusão diante do progresso, da invenção técnica ou do milagre cientifico. Felix Cavalcanti era um homem simples e não era uma personalidade importante, nem tão pouco tinha influência na sociedade em que vivia.
Era um Cavalcanti com muita autencidade e legítimo, que preferia um emprego modesto aos títulos valiosos da sua ascendência ilustre.
No livro sucedem-se as grandes cheias, as secas devastadoras, a Revolta Praieira, o triunfo das causas populares, a eloquência de Joaquim Nabuco, a abolição e a República entre outros assuntos.
“A Monarquia continuava como o equilíbrio dos poderes, o respeito da lei e da justiça, o símbolo das causas e dos direitos humanos. Nela não há tiranos para exercer o despotismo nem eleições manipuladas com audácia e dinheiro. Porque era uma utopia, as perspectivas da República o apavoravam, as degenerações e balbúrdias o deprimiam, os atentados, violências e terrores o petrificavam”. (op. cit. pp. XXIII).
Os argumentos que Félix Cavalcanti usava contra a república eram muito fortes.
Nos assentos desse vago e tímido memorista, há o que aprender, meditar e comparar. E é um tema muito rico para os estudiosos da ciência social.
O livro traz uma figura com o nome de Papai-outro, que tantas vezes era citado nas conversas de famílias e que ele contava bastantes histórias. Fala de um caderno que traz a história exata de um tal negro que caiu da torre da Igreja do Carmo, que esmagou as duas mulheres e dias depois foi visto passeando nas ruas de Recife. Essa história ligada a Papai-outro é a que mais maravilhava. Traz também algumas notas de nascimentos, casamentos, mortes, formaturas, nomeações, demissões, embarques e desembarques de gente da familia. O primeiro neto de Felix Cavalcanti foi Ioôzinho.
Era morrer ou adoecer uma pessoa da família que Papai-outro mudava de casa. Sempre estava morrendo pessoas da família de Papai-outro, alguns escravos ou alguém que estava doente e precisava respirar outros ares. As doenças que mais matavam o povo era, a bexiga, a tuberculose, a peste bubônica, a febre amarela, a colerina, que se instalaram nos velhos sobrados de Recife.
É curioso que, no caderno do velho Felix Cavalcanti, não há nenhuma nota de admiração pela pessoa de Joaquim Nabuco, o Pais Barreto de Maçangana que, democratizando-se, aristocratizou as causas populares que defendeu um tanto teatralmente das varandas dos sobrados do Recife.
Felix Cavalcanti não incorreu na denúncia do padre, não foi daqueles que “não tendo com a família parentesco, ou tendo já muito remoto, e nunca até então dando-se por tal começarem a denominar-se também Cavalcanti. Felix foi entusiasta da administração do seu ilustre parente Francisco do Rego Barros, mas não da oligarquia Rego de Barros. Ele se revela sempre contrário aos abusos que eles cometeram durante o governo político “amante do Progresso de sua Pátria.”
Os críticos dos costumes pernambucanos na primeira metade do século XIX, quando queriam citar exemplo de família rica, mas mal-educada era a família Cavalcanti que citavam de preferência. A edição nos trás, que ainda novo Felix vai para Recife onde adquiriu uma regular instrução e nisso tomando gosto especial pelo estudo de Geografia, até o ponto de ter tentado escrever um compêndio sobre essa matéria.
Bem interessante salientar os argumentos de Felix Cavalcanti a favor da Monarquia e que se conservou fiel até a morte. Afinal a Monarquia não caiu no Brasil como "o defunto sem choro" a que se referiu uma vez certo ironista melancólico. Nesta edição também vem tratar sobre a Lei do Ventre Livre. Era um católico praticante, ia as missas aos domingos e nas quintas.
O livro "O velho Felix e suas memorias de um Cavalcanti" vem tratar sobre um senhor com o apelido de "papai-outro", que procurou dar instrução aos seus filhos e filhas e prepará-los da melhor maneira para o futuro social, embora dentro das tradições religiosas da época.
Podemos comparar com a autoridade e poder. Segundo a Sociologia, poder é a habilidade de impor a sua vontade sobre os outros, e existem diversos tipos de poder: o poder social, o poder econômico, o poder militar, o poder político entre outros.
Já a autoridade é a base de qualquer tipo de organização hierarquizada, sobretudo no sistema político. É uma espécie de poder continuativo no tempo estabilizado, podendo ser caracterizado como institucionalizado, ou não, em que os subordinados prestam uma obediência incondicional, ao indivíduo ou à instituição detentores da autoridade.
Mas pegando o texto do livro em questão, podemos associar que Felix Cavalcanti era o patriarca da família e que exercia na mesma o papel e autoridade e de poder sobre ela e também podemos verificar que ele era monárquico, mas não se envolvia com as políticas da sua época, mas era um modelo para a sua família, por causa de seus ensinamentos familiares.
Ele tinha autoridade sobre sua família, ensinava as coisas básicas para a sobrevivência social da mesma. Mas não usava dessa autoridade para ter subordinados para ele e sim só para ajudar.

Felix Cavalcanti, exercendo essa autoridade na sua família, ajudou bastante para que eles pudessem crescer na sua vida social. Um exemplo é que vários dos seus filhos, netos e genros fizeram carreira na Alfândega, onde alguns atingiram postos mais altos da instituição. Isso mostra que, quando a autoridade é usada com seriedade, ela gera resultados positivos nas vidas das pessoas.

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