Adenilson
Santos Nascimento Júnior*
Toda cultura é resultado de uma série de costumes e normas
(transitórias) que aos poucos vão surgindo e dando forma às sociedades. Desse
modo, é impossível negar que a cultura na qual o homem de 2016 está imerso é
totalmente diferente há cerca de 60 ou 70 anos. É cada vez mais comum ouvir
daqueles mais idosos o famoso adágio: “No meu tempo não era assim...” Diante de
toda essa mudança, a cultura familiar tenta incutir aos seus, em especial aos
mais jovens, tudo aquilo que aprenderam outrora, porque pensam que as condutas
aprendidas são corretas em comparação com as do tempo atual.
Portanto, seria justo afirmar que, por vezes, a cultura
familiar tenta impor normas como se estas fossem a condição para que o
indivíduo progrida na sociedade, de maneira que viver na situação cultural de
hoje seria tendê-lo a uma perda de sua identidade. No entanto, uma vez que o
homem assume radicalmente uma só cultura ou maneira de viver como certa, por
mais que esta provenha de um berço familiar, ele acaba rejeitando qualquer
outra das culturas existentes. Assim, ele não será nada além do que o resultado
de uma adesão inconsciente de normas exteriores, isso porque o etnocentrismo
“julga os outros povos e culturas pelos padrões da própria sociedade, que
servem para aferir até que ponto são corretos e humanos os costumes alheios.
Desse modo, a identificação do indivíduo com sua sociedade induz à rejeição das
outras” (MENESES, 1999).
Na verdade, não se trata de julgar uma cultura como certa e
dar a ela um patamar de supremacia em relação às demais, nem muito menos de
recusar uma conduta familiar como se a família tivesse por objetivo alienar os
seus. Uma consciência bem formada saberá acolher todo tipo de costume que
servirá para o seu desenvolvimento, sem tornar-se unilateral a qualquer uma
delas. Compete ao homem apenas se adequar àquela cultura que mais lhe aprouver,
sem precisar denigrir ou criticar as outras, já que estas também são resultado
de um costume humano, compostos dos mesmos caracteres que qualquer um outro,
capazes de se relacionar e de criar cultura. Afinal, daqui a 60 anos, seremos
nós quem, sentados no sofá de nossos cômodos, diremos a outros: “No meu tempo
não era assim...”
Referência
MENESES, Paulo Gaspar de. Etnocentrismo e Relativismo Cultural: algumas reflexões. Revista
Symposium - UNICAP. Pernambuco, v. 3, p. 19-25, 1999.
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